segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Do Blog rsurgente.net

Senador José “Pepe” Mujica será o candidato da Frente Ampla à presidência do Uruguai

O ex-líder guerrilheiro tupamaro e atual senador, José “Pepe” Mujica, foi escolhido ontem (14) para ser o candidato da Frente Ampla (coalizão que governa o Uruguai) à presidência da República, nas eleições gerais de outubro de 2009. Mujica, de 74 anos, passou doze anos preso durante a ditadura militar uruguaia (1973-1985). Líder do Movimento de Participação Popular (MPP), Mujica recebeu o apoio de 1.694 delegados, mais de dois terços dos que estavam habilitados a votar na eleição interna. Na votação, da qual participaram 2.381 delegados, ele venceu seu principal oponente, o ex-ministro da Economia do governo Tabaré Vázquez, Danilo Astori. Também participaram da disputa o atual ministro da Indústria, Energia e Mineração, Daniel Martinez, o diretor do Escritório de Planejamento e Orçamento da Presidência, Enrique Rubio, e o prefeito de Canelones, Marcos Carámbula.

Mujica foi um dos líderes da guerrilha tupamara que pegou em armas contra a ditadura militar que governou o país de 1973 a 1985. Junto com os principais dirigentes tupamaros, ficou mais de doze anos preso em quartéis uruguaios. Desceu ao fundo do poço, literalmente. Ele fez parte de um grupo que ficou conhecido como “os reféns”. Os integrantes deste grupo foram submetidos a um regime de destruição física, moral e mental que incluiu dois anos de encarceramento no fundo de um poço. Foram, praticamente, enterrados vivos. Isolamento total. Neste período, aprendeu a conversar com rãs, ouvir o grito das formigas e a “galopar para dentro de si mesmo”, como forma de não enlouquecer. Sobreviveu. Saiu da prisão, junto com sua companheira de vida e de luta, Lucía Topolansky. Nas eleições de 2004, Mujica transformou-se em uma das figuras mais poderosas do Uruguai. Senador mais votado, foi escolhido para assumir o ministério da Pecuária, Agricultura e Pesca.

O "beijo" de despedida do povo Iraquiano...

ISSO VALERÁ TAMBÉM PARA A (DES)GOVERNADORA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL, QUE BAGUNÇA NOSSO ESTADO COM CORRUPÇÃO, INTOLERÂNCIA,E ARROGÂNCIA.ESPANCANDO PROFESSORES, BANCÁRIOS E TODOS AQUELES QUE FAZEM PARTE DOS MOVIMENTOS SOCIAIS.


Martinho da Vila - Sentimentos (1981)




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Créditos:UmQueTenha

Um Capitalismo Produtivo e Sensato?


A hiper-concorrência entre capitais.


Por Ernesto Herrera. Uruguai

“Os economistas que pretendem explicar pela especulação

as repetidas sacudidas da indústria e o comércio,

se assemelham a essa escola perimida da Biologia

que considerava á febre como causa de todas as doenças.”

(Karl Marx, artigo publicado no New York Tribune, 15 de dezembro de 1857)

O colapso financeiro dos últimos meses volta a mostrar a realidade cruel do capitalismo. Cada vez se faz mais evidente a faceta de um sistema que se funda sobre a produção e reprodução das desigualdades sociais em uma escala jamais conhecida na história. Bastaria com registrar que enquanto no último ano as Bolsas queimaram na fogueira especulativa 14,3 bilhões de dólares (um patrimônio equivalente ao Produto Bruto dos Estados Unidos), e o salvamento estatal aos banqueiros nos países imperialistas consome quantidades indecifráveis de dinheiro, a miséria social se expande pelos “países subdesenvolvidos”.

Esses mesmos países – agora batizados como “mercados emergentes” – foram alvo do endividamento externo, as “reestruturações” capitalistas e os “planos de ajuste” das instituições financeiras internacionais. Os serviços públicos de saúde foram desmantelados/privatizados, e a fome adquire uma dimensão massiva. Segundo a ONU, alcançaria 1 bilhão de dólares para reduzir a metade das vítimas do paludismo. De acordo com a FAO (agência da ONU para a alimentação), o mundo tem recursos suficientes para alimentar a 24 bilhões! de pessoas, porém, mais de um bilhão dos 6 bilhões de habitantes do planeta, estão famintos.

Em poucas semanas, o esbanjamento obsceno do capitalismo engoliu muito mais do que as somas necessárias para arrancar da miséria mais atroz uma boa parte da humanidade.

Na vertigem que produz a debacle, aparecem novos e velhos tópicos: a idéia de uma economia capitalista real oposta a uma esfera financeira inteiramente virtual.

A característica principal do capitalismo contemporâneo, não reside por uma oposição entre um capital produtivo e um capital financeiro, senão na hiper-concorrência entre capitais o qual conduz à financeirização.Esta interpretação nos leva diretamente a observar a correlação entre desocupação e a financeirização como um fio que tece as condições de exploração. Em tal sentido, não se pode separar a tendência autônoma das finanças do funcionamento “normal” do “bom capitalismo produtivo. O capital financeiro joga um papel decisivo na apropriação do “valor agregado” (exploração da força de trabalho): a partir do momento em que a taxa de lucro aumenta graças ao retrocesso salarial ser reproduzir as ocasiões de acumulação rentável, as finanças entram a jogar um papel funcional na reprodução capitalista. De outro modo: os ganhos patronais que não se investem para gerar novos investimentos produtivos e novos empregos, são distribuídos sob a forma de ganâncias nos mercados financeiros. Para assegurar ou multiplicar a rentabilidade dos capitais.

Em todo caso, o que tem feito o capital financeiro é lhe dar asas à exploração para assim, mantê-la melhor. Se a essa exploração, dentro do capitalismo, se lhe cortam as asas, não por isso desaparecerá a exploração capitalista em lugar nenhum. Quem pense pelos demais que o que estão fazendo hoje os governos dos EUA e a União Européia tem que ver com um autêntico controle democrático do capital financeiro se equivoca. Mais se equivoca ainda quem considere que estamos ante o fim da versão neoliberal do capitalismo ou ante a derrota das receitas do Consenso de Washington. É importante distinguir entre o aspecto teórico ou ideológico da crise e o componente prático. Se analisarmos a trajetória do neoliberalismo, encontraremos que as intervenções estatais, sob distintos formatos, foram recorrentes. Todas elas em favor dos patrões.

Uma violenta ofensiva contra os trabalhadores

Alguns acreditam na recessão como um fato. Outros, os menos pessimistas, a anunciam para 2009. De todas formas coincidem em um dado: a recessão alcançará os países que, no seu conjunto, representam o 65% do PIB mundial. Nem sequer a “locomotiva” chinesa escapará deste verdadeiro tsunami econômico.

É na profundidade desta crise capitalista, que todos os programas de “austeridade” e de ataque aos direitos sociais vão reforçar-se. A crise entra fundo em mar aberto e chocará contra o ingresso dos assalariados e os aposentados, com um crescimento massivo da desocupação, a pobreza, a miséria social. As multimilionárias somas afetadas aos diferentes planos de salvamento financeiro nas potências centrais (ou para “prevenir” os impactos da crise internacional, como já o faz, por exemplo, o governo Lula), terão como contrapartida a redução do “gasto público” (investimentos públicos, salários, seguridade social, saúde, educação, etc.)

Reduzir-se-ão ainda mais as “cargas sociais”, ou seja, a parte do salário indireto (salário social) que cumpre uma função central na reprodução da força de trabalho sob a forma de prestações sociais. Isto se acompanhará de isenções tributárias e subvenções aos empresários para baixar o “o custo do trabalho” e recuperar a “rentabilidade” (taxa de lucro) empresarial.

E, muito em breve, poderemos resumir os fatores que, segundo Marx, permitem essa recuperação da taxa de ganância capitalista: a) aumento do grau de exploração do trabalho; b) redução do salário por debaixo do seu valor (sobre-exploração); c) barateamento dos elementos que constituem o capital constante (máquinas, matérias primas, edifícios); d) incremento do desemprego (exército industrial de reserva) e subemprego (precarização); e) conquistas comerciais no mercado mundial; f) aumento do capital-ações, ou seja, capital fictício.

A imoralidade da exploração

Com uma manifesta incapacidade da esquerda e do sindicalismo de atacar o coração do sistema (ou seja, a apropriação privada do trabalho social), os fantasmas gerados pelo regime do capital como o do “capitalismo financeiro impiedoso” e o do especulador “imoral, ávido e corrupto”, seguirão integrando os temas das plataformas “reivindicativas” do sindicalismo burocrático e os discursos do “progressismo”. Todos falam da morte dos paradigmas neoliberais e a volta ao Estado “regulador”.

O fim do capitalismo (e sua fase neoliberal) como sabemos, ainda está longe de nós. Para acabar com eles é necessário ir até a raiz, onde descobriremos que o que os faz viver é a possibilidade de que existam em nome da liberdade, a expropriação de direitos e a compra-venda da força de trabalho. Marx e Engels sustentavam que o comunismo, além de pressupor a ditadura do proletariado, isto é a “conquista da democracia”, implicava a “supressão do trabalho”. Levando em conta que “trabalho” é para Marx utilização da mercancia-força de trabalho no processo de produção, supressão do trabalho não quer dizer, evidentemente, fim da produção, senão da existência da força de trabalho como mercancia. Algo que vai muito além de somar-se ao coral dos que clamam contra a “imoralidade” dos “mercados financeiros” e um retorno ao “Estado keynesiano”, pois implica elevar-se também contra a imoralidade da exploração e da propriedade privada. Uma imoralidade (capitalista, burguesa), que gera destruição permanente das condições de vida dos trabalhadores e suas famílias.

É divertido ver como os fanáticos liberais e os “progressistas” reconvertidos se juntam para propor um “capitalismo sensato”, “responsável”, “produtivo, “humano”, “auto-regulado”. Mas, a ideologia do “livre mercado”, da restrição orçamentária, da contenção salarial, da flexibilização laboral, das privatizações, longe de agonizar se apresta a dar uma nova arranhada aos trabalhadores e oprimidos, para cobrar assim as faturas da presente crise.

Ernesto Herrera é membro do Coletivo Militante.

Versão em português: Raul Fitipaldi, de América Latina Palavra Viva.