domingo, 31 de agosto de 2008

Algemaram a justiça...

ALGEMARAM A JUSTIÇA


GERALDO EUSTAQUIO RIBEIRO


A justiça do Brasil está fazendo jus ao seu símbolo, uma balança e uma mulher. Uma balança enferrujada. Uma mulher de olhos vendados. Que a justiça é cega não resta a menor dúvida. Cega diante dos desmandos de políticos e empresários corruptos que roubam descaradamente o dinheiro dos impostos pago pelos assalariados que constroem esta nação com suor e sangue.
A balança só pende para o lado dos poderosos que manipulam a justiça e a lei conforme suas conveniências. Os digníssimos juizes acham que estão acima da lei e do bom senso. Proibiram o uso de algemas em bandidos ricos e poderosos. Algemaram e deram um xeque-mate na dignidade do povo, de um país que tinha tudo para ser de primeiro mundo, mas as tramóias e falmacutaias têm o aval de quem deveria defender o direito de todo um povo.
“Todos são iguais perante a lei”. Isto está escrito na Constituição que é usada somente para massacrar o pobre. Por que este mesmo pobre quando é pego roubando uma lata de margarina barata é humilhado e jogado dentro de uma cela com criminosos de alta periculosidade? Por que este mesmo pobre antes e depois de ser algemado tem que levar tapa na cara?
Que juizes são esses que enxergam em uma só direção? São míopes? Ou estão legislando em causa própria para quando precisarem ser investigados já ter suas mordomias garantidas? Recentemente a justiça gastou uma fortuna para trazer um marginal da Itália, ele estava preso e bem preso. Aqui, quanto tempo o Cacciolla vai ficar na cadeia? Tenho certeza de que em breve os cidadãos honestos deste país terão esfregado na sua cara uma manchete dizendo que um juiz concedeu uma liminar para soltá-lo.
Que justiça é esta? Quem é mais ladrão? O que assalta na rua ou o que nem se dá ao menos o luxo de sair de seu gabinete ou salas atapetadas para roubar? Quem é mais assassino? O traficante da favela ou esses sacanas que roubam o dinheiro da saúde, fazendo com que milhares de pessoas morram à míngua suplicando um atendimento que não vem?
Quem merece ser algemado? Com a palavra os juizes e todo cidadão de bem com coragem de dar sua opinião. Algemaram a justiça.
Fonte: Usina de Letras


Não esqueçamos dessas dicas no dia da eleição...

Votar bem
Representação política não é emprego para ninguém
João Batista de Oliveira Rocha - Advogado

Desta vez, não vou votar em amigo ou em indicação de amigo. Vou votar em candidato de meu bairro, que tenha compromisso com meu bairro, que seja filiado a uma associação de meu bairro e que se disponha a ser fiscalizado e a prestar contas a nós, eleitores.
Chega de votar irresponsavelmente, em qualquer um, só porque foi meu colega de escola, trabalhou comigo na repartição, é meu companheiro de clube, foi indicado por um amigo comum, é ou foi meu vizinho. E mais: não vou votar em candidato a vereador porque é radialista, ou apresentador de televisão, ou é padre ou pastor evangélico. Não votar em candidato apenas porque é atleticano, cruzeirense ou americano.
Não. Vou votar em quem tem ideais, em quem tem compromissos com a comunidade a que pertence e à qual deve servir. E mais, meu candidato deve ser comprovadamente honesto e ter “ficha limpa”. Não quero candidato que foi isso mais aquilo. Quero candidato que seja isso e aquilo, isto é, que seja capaz, que seja preparado para o cargo que deseja disputar, que seja honesto, que queira me representar com dignidade e competência.
Por que continuar a ser enganado? A maioria absoluta dos candidatos só tem compromissos consigo mesmo. Quer é “tirar o pé da lama”, quer é “encanar a perna”, como se dizia antigamente. Isto é, quer é “se arrumar”. Essa maioria encara o cargo de vereador como um cargo público qualquer, que lhe garante proventos no fim do mês, que lhe permite arranjar empregos para seus parentes ou apaniguados e nada mais. Pouco se importa, depois de eleito, com as promessas que fez e que levaram muitos a votar nele.
Não é possível mais continuarmos a ser enganados. Vamos reagir já, nesta eleição. Vereador tem a ver com a cidade, com o bairro onde você mora. Entre, portanto, em contato com sua associação de bairro. Conheça quem está realmente engajado na luta pela solução dos problemas de seu bairro: segurança, trânsito, obras viárias, obras sociais. Será sempre pessoa mais perto de você, a quem você ou sua associação poderão procurar para cobrar as promessas de campanha, exigir obras que melhorem sua qualidade de vida no bairro.
Não vote nos oportunistas. Não vote nos políticos profissionais que pensam que somente eles têm solução para os problemas comunitários. Não vote em quem é político por tradição, passando de pai para filho o direito de representar os cidadãos, quando, quase sempre, só representam seus próprios interesses ou da oligarquia de onde se originam.
Vamos dar um “basta” a este tipo de política. Para isso, a gente começa é de baixo, da eleição mais simples e mais próxima de nós, de nossos interesses, dos bairros em que moramos. Representação política não é emprego para ninguém. É múnus, é tarefa, é encargo, é compromisso com o trabalho para a comunidade. Este tem de ser nosso norte na escolha de nossos candidatos.
Ou comecemos agora ou vamos continuar a nos lamentar sempre e ter vergonha dos representantes que temos.
Fonte: jornal Estado de Minas - Caderno Opinião - 31/8/08

Escravo, nem Pensar!



Escravo, nem Pensar!
Gênero: vídeo institucional
Produção: Caio Cavechini e Ivan Paganotti
Formato: digital
Duração: 6´45
País: Brasil
2006

Sinopse
A experiência do projeto "Escravo, nem Pensar!", que tem como objetivo transformar professores e lideranças populares em atores do combate ao trabalho escravo na Amazônia e no Nordeste.

Prêmio
Melhor Vídeo Institucional do 3º Festival Guaçuano de Vídeo

Para saber mais sobre o projeto Escravo, nem Pensar!, clique aqui.

Portal Desacato e Revista Pobres & Nojentas promovem o 1º Encontro pela Soberania Comunicacional, Popular e Libertária

No marco do 1º Aniversário do Portal Desacato, o coletivo deste veículo de comunicação, em conjunto com a Revista Pobres & Nojentas, promovem um debate central para os meios de comunicação: A SOBERANIA COMUNICACIONAL, POPULAR E LIBERTÁRIA.
Ao cumprir-se um ano da existência do Portal, com colaboradores de mais de 20 países e com uma marcada linha de contracorrente, Desacato oferece, junto a Pobres & Nojentas, um debate pontual, livre e aberto sobre um tema determinante que atinge por igual jornalistas, meios alternativos, trabalhadores, estudantes, educadores, lutadores sociais e público em geral.
Com uma programação intensa, porém ágil, interativa, regada com vídeos, trabalhos especiais, cultura e momentos significantes para o cotidiano de todos/as, Desacato apresentará também outro debate de importância decisiva: A Decadência das Instituições de Dominação e a Criminalização dos Movimentos Sociais.
No Encontro se inaugurará o Prêmio Volodia Teitelboim de Jornalismo Independente e Literatura. Um dos pontos mais altos do Encontro será a Proclamação da Carta de Florianópolis pela Soberania Comunicacional.
Quando?
Dia 5 de setembro, sexta-feira, de 18 h às 21:45h
Dia 6 de setembro, sábado, de 9 às 17:30 h
Onde?
Plenarinho da Assembléia Legislativa de Santa Catarina – Florianópolis, SC
Telefones para imprensa e consultas:
51-48-3269-8158 e 51-48-96195895
Endereço eletrônico para informações: desacato.brasil@gmail.com

Confira a programaçção em: http://pobresenojentas.blogspot.com/2008/08/portal-desacato-e-revista-pobres.html

jornalista de esgoto é punido.....


JUSTIÇA CRIMINAL DE SP CONDENA MAINARDI

José Rubens Machado de Campos, advogado de Paulo Henrique Amorim, acaba de informar: “A 13ª. Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo deu provimento à apelação de Paulo Henrique Amorim para condenar Diogo Mainardi como incurso nas penas dos crimes de difamação e injúria como capitulados nos artigos 139 e 140 do Código Penal, em razão dos ataques e ofensas contidos em artigo intitulado ‘A Voz do PT’, da revista 'Veja', de 6 de setembro de 2006, acolhendo parecer do Ministério Público em segunda instância e a sustentação feita pela ilustre Procuradora Marilisa Germano Bortolin. O desembargador relator Miguel Marques e Silva acatou o apelo e foi acompanhado pelos demais desembargadores Sanjuan França e França Carvalho.”

A pena é de 3 meses e 15 dias de detenção e pagamento de 11 dias de multa, ou substituição da pena privativa de direitos por três salários mínimos, como incurso nos artigos 139 e 140 do Código Penal. Com isso, Diogo Mainardi perde a primariedade, o que significa que, se for condenado de novo, poderá ir preso. Cabe recurso ao STJ.

O Tribunal de Justiça de São Paulo, em segunda instância, em 6 de agosto de 2008, condenou Diogo Mainardi e a Editora Abril, editora da revista “Veja”, a pagar 500 salários mínimos a Paulo Henrique Amorim, por danos morais.

Leia no sitio de Paulo Amorim o parecer do Procurador de Justiça Carlos Eduardo de Athayde Buono, que foi referendado pela Procuradora Marilisa Germano Bortolin e acolhido pelos Desembargadores da 13ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo.

OS LIMITES DO CRESCIMENTO



Decréscimo ou desconstrução da economia

Em 1972, um estudo do Clube de Roma apontou, pela primeira vez, “Os limites do crescimento”. Quatro décadas depois, a destruição das florestas, a degradação ambiental e a poluição aumentaram de forma vertiginosa, gerando o aquecimento do planeta pelas emissões de gases causadores do efeito estufa. A solução para esse grave problema é mais crescimento? A análise é de Enrique Leff.

MÉXICO (Terramérica) - Os anos 60 convulsionaram a idéia do progresso. Depois da explosão populacional, soou o alarme ecológico. Foram questionados os pilares ideológicos da civilização ocidental: a supremacia e o direito do homem de explorar a natureza e o mito do crescimento econômico ilimitado. Pela primeira vez, desde que o Ocidente abriu a história da modernidade, guiada pelos ideais da liberdade e do iluminismo da razão, questionou-se o princípio do progresso impulsionado pela potência da ciência e da tecnologia, que logo se converteram nas mais servis e servíveis ferramentas do acúmulo de capital.

A bioeconomia e a economia ecológica propuseram a relação entre o processo econômico e a degradação da natureza, o imperativo de internalizar os custos ecológicos e a necessidade de agregar contrapesos distributivos aos mecanismos do mercado. Em 1972, um estudo do Clube de Roma apontou, pela primeira vez, “Os limites do crescimento”. Dali surgiram as propostas do “crescimento zero” de uma “economia de estado estacionária”.

Quatro décadas depois, a destruição das florestas, a degradação ambiental e a poluição aumentaram de forma vertiginosa, gerando o aquecimento do planeta pelas emissões de gases causadores do efeito estufa e pelas inelutáveis leis da termodinâmica, que desencadearam a morte entrópica do planeta. Os antídotos produzidos pelo pensamento crítico e a inventiva tecnológica resultaram ser pouco digeríveis pelo sistema econômico. O desenvolvimento sustentável se mostra pouco duradouro, porque não é ecologicamente sustentável!

Hoje, diante do fracasso dos esforços para deter o aquecimento global (o Protocolo de Kyoto havia estabelecido a necessidade de reduzir gases causadores do efeito estufa ao nível de 1990), surge novamente a consciência dos limites do crescimento e a chamada ao decrescimento. Embora Lewis Mumford, Ivan Illich e Ernst Schumacher voltem a ser evocados por sua crítica à tecnologia e seu elogio “do pequeno”, o decrescimento se apresenta diante do fracasso do propósito de desmaterializar a produção, o projeto impulsionado pelo Instituto Wuppertal que pretendia reduzir em quatro, e até dez vezes, os insumos da natureza por unidade de produto.

Ressurge, assim, o fato indiscutível de que o processo econômico globalizado é insustentável. A ecoeficiência não resolve o problema de um mundo de recursos finitos em perpétuo crescimento, porque a degradação entrópica é irreversível. A aposta pelo decrescimento não é apenas uma moral crítica e reativa, uma resistência a um poder opressivo, destrutivo, desigual e injusto; não é uma manifestação de crenças, gostos e estilos alternativos de vida; não é um simples decrescimento, mas uma tomada de consciência sobre um processo que se instaurou no coração do mundo moderno, que atenta contra a vida do planeta e a qualidade da vida humana.

O chamado para decrescer não deve ser um simples recurso retórico para dar vôo à critica do modelo econômico imperante. Deter o crescimento dos países mais opulentos, mas continuar estimulando o dos mais pobres ou menos “desenvolvidos” é uma saída falsa. Os gigantes da Ásia despertaram para a modernidade; apenas China e Índia estão alcançando e ultrapassando as emissões de gases causadores do efeito estufa produzidas pelos Estados Unidos. A eles se somariam os efeitos conjugados dos países de menor grau de desenvolvimento levados pela racionalidade econômica hegemônica.

Decrescer não implica apenas em desacelerar ou se desvincular da economia. Não equivale a desmaterializar a produção, porque isso não evitaria que a economia em crescimento continuasse consumindo e transformando natureza até ultrapassar os limites de sustentabilidade. A abstinência e a frugalidade de alguns consumidores responsáveis não desativam a mania de crescimento instaurada na raiz e na alma da racionalidade econômica, que contém um impulso ao acúmulo do capital, às economias de escala, à aglomeração urbana, à globalização do mercado e à concentração da riqueza.

Saltar do trem andando não conduz diretamente a desandar o caminho. Para decrescer não basta baixar da roda da fortuna da economia. As excrescência do crescimento, o pus que brota da pele gangrenada da Terra, ao ser drenada a seiva da vida pela esclerose do conhecimento e a reclusão do pensamento, não se retroalimenta no corpo enfermo do planeta. Não se trata de reabsorver seus dejetos, mas de extirpar o tumor maligno. A cirrose que corrói a economia não será curada com a injeção de mais álcool na máquina de combustão dos carros, das indústrias e dos lares. Além da rejeição à mercantilização da natureza, é preciso desconstruir a economia realmente existente e construir outra economia, baseada em uma racionalidade ambiental.

* O autor é ambientalista, escritor e ex-coordenador da Rede de Formação Ambiental para a América Latina e o Caribe do Pnuma.

Artigo produzido para o Terramérica, projeto de comunicação dos Programas das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e para o Desenvolvimento (Pnud), realizado pela Inter Press Service (IPS) e distribuído pela Agência Envolverde.



(Envolverde/Terramérica)

sábado, 30 de agosto de 2008

Sabicas- Arabian dance

Sabicas with Joe Beck - Rock Encounter - 1966

Download

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Inca Song(5:15)
Joe's Tune(3:49)
Zambra(4:02)
Zapateado(9:38)
Handclaps(0:31)
Flamenco Rock(6:13)
Bulerias(7:25)
Farruca(4:45)

Sabicas - Guitarra Española
Joe Beck - Guitarra Eléctrica
Tony Levin (Peter Gabriel, King Crimson,...) - Bajo Eléctrico
Donald McDonald - Batería
Warren Bernhardt - Teclados

Créditos: looloblog

Un disco Singular sin duda, fusión de flamenco, rock y jazz grabado en EEUU en el año 1966 y con músicos de primera línea, una joya para cualquier colección.
Espero que lo disfrutes.
Salud.


Sabicas:
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Joe Beck:
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Ken Burns Jazz: The Story of America's Music ( 5 CD soundtrack to documentary series)



Disco 1
01-Louis Armstrong & His Orchestra - Star Dust [1931]
02-Creepin' in My Room0 - Mississippi - Soon One Mornin' (Death Come A-Creepin' In My Room) [1959]
03-Lieut. Jim Europe's 369th Infantry (Hell Fighters) Band - Memphis Blues [1919]
04-The Original Dixieland Jazz Band - Livery Stable Blues [1917]
05-James P. Johnson - Charleston [1925]
06-King Oliver's Creole Jazz Band - Chimes Blues [1923]
07-Bessie Smith - Back Water Blues [1927]
08-Jelly Roll Morton - The Pearls [1926]
09-Jelly Roll Morton's Red Hot Peppers - Dead Man Blues [1926]
10-Clarence Williams's Blue Five - Wild Cat Blues [1923]
11-Clarence Williams's Blue Five - Cake Walkin' Babies (From Home) [1925]
12-Fletcher Henderson & His Orchestra - Sugar Foot Stomp [1925]
13-Louis Armstrong & His Hot Five - Heebie Jeebies [1926]
14-Louis Armstrong & His Hot Seven - Potato Head Blues [1927]
15-Louis Armstrong & His Hot Five - West End Blues [1928]
16-Duke Ellington & His Orchestra - The Mooche [1928]
17-Oo - Duke Ellington & His Washingtonians - East St. Louis Toodle-OO [1926]
18-Duke Ellington & His Orchestra - Black Beauty [1928]
19-The Jungle Band - Mood Indigo [1930]
20-Paul Whiteman & His Orchestra featuring Bix Beiderbecke - There Ain't No Sweet Man (Worth The Salt Of My Tears) [1928]
21-Frankie Trumbauer & His Orchestra featuring Bix Beiderbecke - Singin' The Blues [1927]
22-Frankie Trumbauer & His Orchestra featuring Bix Beiderbecke - Riverboat Shuffle [1927]
23-Fletcher Henderson & His Orchestra - Hotter Than 'Ell [1934]
24-Ethel Waters - I Got Rhythm [1930]

Disco 2
01-Duke Ellington & His Orchestra - It Don't Mean A Thing (If It Ain't Got That Swing) [1932]
02-Duke Ellington & His Orchestra - Echoes Of Harlem [1936]
03-Benny Moten's Kansas City Orchestra - Moten Swing [1932]
04-Louis Armstrong & His Orchestra - St. Louis Blues [1929]
05-Louis Armstrong & His Orchestra - Ain't Misbehavin' [1929]
06-Jimmie Lunceford & His Orchestra - For Dancers Only [1937]
07-Benny goodman & His Orchestra - King Porter Stomp [1935]
08-The Benny Goodman Sextet - Rose Room [1939]
09-Benny Goodman Sextet - Sing, Sing, Sing (With A Swing) [1937]
10-Count Basie & His Orchestra - Jumpin' At The Woodside [1938]
11-Count Basie & His Orchestra - Sent For You Yesterday And Here You Come Today [1938]
12-Count Basie's Kansas City Seven - Lester Leaps In [1939]
13-Jones-Smith Incorporated - Oh, Lady, Be Good! [1936]
14-Billie Holiday & Her Orchestra - Without Your Love [1937]
15-Billie Holiday - Strange Fruit [1939]
16-Billie Holiday with Eddie Heywood & His Orchestra - God Bless The Child [1941]
17-Art Tatum - Three Little Words [1944]
18-Pete Johnson & Big Joe Turner - Rebecca [1944]
19-Chick Webb & His Orchestra - Harlem Congo [1937]
20-Tisket, A-Tasket - Chick Webb & His Orchestra featuring Ella Fitzgerald - A-Tisket A-Tasket [1938]
21-Django Reinhardt & Le Quartet du Hot Club de France - Shine [1936]
22-Noble Sissle & His Orchestra - Dear Old Southland [1937]

Disco 3
01-Coleman Hawkins - Body And Soul [1939]
02-Duke Ellington & His Orchestra - Cotton Tail [1940]
03-Duke Ellington & His Orchestra - Take The ''A'' Train [1941]
04-Artie Shaw & His Orchestra - Begin The Beguine [1938]
05-Glenn Miller & His Orchestra - In The Mood [1939]
06-Tommy Dorsey & His Orchestra - Well, Git It! [1942]
07-Billie Holiday with Eddie Heywood & His Orchestra - Solitude [1941]
08-Gene Krupa & His Orchestra - Drum Boogie [1941]
09-Dizzy Gillespie & His All Star Quintet - Salt Peanuts [1945]
10-Dizzy Gillespie Sextet - Groovin' High [1945]
11-ko - Charlie Parker's Re-Boppers - Ko-Ko [1945]
12-Charlie Parker Quintet - Scrapple From The Apple [1947]
13-Charlie Parker Quintet - Embraceable You [1947]
14-Bud Powell Trio - Get Happy [1950]
15-Thelonious Monk - Epistrophy [1948]
16-Thelonious Monk - Straight, No Chaser [1951]
17-Dizzy Gillespie & His Orchestra - Manteca [1947]
18-Miles Davis Nonet - Moon Dreams [1950]
19-Charlie Parker - Just Friends [1949]
20-Louis Armstrong - Rockin' Chair [1947]
21-Sarah Vaughan & Her Trio - They Can't Take That Away From Me [1954]
22-Chet Baker & Gerry Mulligan - Walkin' Shoes [1952]
23-Billie Holiday - Fine And Mellow [1957]

Disco 4
01-Horace Silver & The Jazz Messengers - Doodlin' [1954]
02-Clifford Brown & Max Roach - I Get A Kick Out Of You [1954]
03-Sonny Rollins - St. Thomas [1956]
04-The Modern Jazz Quartet - Django [1954]
05-The Dave Brubeck Quartet - Take Five [1959]
06-Miles Davis Sextet - So What [1959]
07-John Coltrane - Giant Steps [1959]
08-Cecil Taylor Trio - Rick Kick Shaw [1955]
09-Ornette Coleman - Chronology [1959]
10-Charles Mingus - Original Faubus Fables [1960]
11-John Coltrane Quartet - Acknowledgment (From A Love Supreme) [1964]

Disco 5
01-Louis Armstrong - Hello, Dolly! [1963 and 1964]
02-Stan Getz & Charlie Byrd - Desafinado [1962]
03-Duke Ellington & John Coltrane - In A Sentimental Mood [1962]
04-Duke Ellington & His Orchestra - Tourist Point Of View [1966]
05-The Miles Davis Quintet - E.S.P. [1965]
06-Miles Davis - Spanish Key (Single Version) [1969]
07-Weather Report - Birdland [1977]
08-Grover Washington, Jr - Mister Magic [1974]
09-Herbie Hancock - Rockit [1983]
10-M.C. Solaar & Ron Carter - Un Ange En Danger [1994]
11-Dexter Gordon - Tanya [1978]
12-Wynton Marsalis - Soon All Will Know [1986]
13-Cassandra Wilson - Death Letter [1995]
14-The Lincoln Center Jazz Orchestra - Take The ''A'' Train [1992]
Downloads abaixo:(links deletados, aguardem novos links)

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Grupo Somos denuncia descaso da prefeitura com combate à AIDS em Porto Alegre












A Prefeitura de Porto Alegre não comprou uma só camisinha em 2008, descumprindo o acordo feito com os governos federal e estadual e deixando a população sem insumos básicos de prevenção à Aids. Além disso, estão faltando medicamentos nos postos de saúde para enfrentar efeitos colaterais dos antiretrovirais e outros básicos, de responsabilidade do município.

A denúncia foi feita ontem (26) pelo coordenador do grupo Somos - Comunicação, Saúde e Sexualidade, Gustavo Bernardes (foto), durante reunião da Comissão de Saúde e Meio Ambiente (Cosmam) da Câmara de Vereadores de Porto Alegre. Gustavo Bernardes também denunciou que os recursos do Plano de Ações e Metas (PAM), destinados ao atendimento de pacientes com HIV/Aids da capital gaúcha, teriam sido utilizados para o pagamento de funcionários do Hospital Vila Nova.

O Hospital Vila Nova mantém convênio com a prefeitura, disponbilizando 40 leitos para atendimento de pacientes soropositivos. Bernardes informou que a denúncia foi formalizada ao Ministério Público e que o Conselho Municipal de Saúde (CMS) havia dado parecer contrário ao uso dos recursos no Vila Nova. “O Executivo alegou que os recursos do governo federal estavam parados. O Município deveria utilizar esses recursos federais aos pacientes com HIV/Aids e ainda complementá-los com verbas municipais”. Ainda segundo o coordenador do Somos, Porto Alegre registrou 14.701 casos de pessoas contaminadas pelo vírus HIV em 2006. Bernardes reclamou da falta de distribuição gratuita de preservativos pela Secretaria Municipal de Saúde. “O governo licitou a compra apenas depois que os preservativos tinham se esgotado para distribuição. Os 1,140 milhão de camisinhas que a prefeitura teria de ter comprado estão prometidas apenas para dezembro”.

O Somos também protestou contra a ausência de campanhas educativas de prevenção à Aids na Capital, e informou que o número de funcionários na Coordenação da Política Municipal de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST)/Aids da SMS teria diminuído de 18 para apenas três. Além disso, os programas de planejamento familiar excluem gays, lésbicas, transexuais e pessoas que não desejam ter filhos. A coordenadora da Política Municipal de DST/Aids, Miriam Weber, admitiu que os recursos são escassos para o atendimento aos pacientes e elogiou a atuação histórica dos movimentos sociais em favor dos portadores do vírus HIV em Porto Alegre. Ela confirmou a diminuição no número de profissionais de saúde na Coordenação ao longo dos anos e destacou que Porto Alegre tem sido, desde o início da epidemia, a terceira capital brasileira em número de casos de Aids no país. As informações são do blog do Somos.

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Plantação de eucaliptos deixa riachos secos no Uruguai


Lúcio Vaz - Correio Brazielense

Mercedes e Fray Bentos (Uruguai) – A invasão dos pampas pelos maciços de eucaliptos começou pelo Uruguai, onde atuam as multinacionais Botnia (finlandesa) e Ence (espanhola). O país conta com pelo menos 700 mil hectares ocupados com florestas de eucaliptos. A Ence ainda está implantando sua base florestal, mas a fábrica de celulose da Botnia, em Fray Bentos, na fronteira com a Argentina, já está em operação. Com investimentos de US$ 1,1 bilhão, vai produzir 1 milhão de toneladas de celulose por ano. Os espanhóis vão produzir a metade disso. O governo e os empresários locais saúdam a nova frente econômica, como acontece no Rio Grande do Sul, mas os efeitos dos “desertos verdes” de eucaliptos já são sentidos por agricultores na região de Mercedes, no departamento de Durazno.

O Movimento de Agricultores Rurais de Mercedes, que reúne cerca de 150 produtores, já negocia com o governo uma pauta de reivindicações, onde exigem que nenhum eucalipto mais seja plantado, a desativação da fábrica de celulose, a solução dos problemas de água nas terras dos vizinhos das florestas e a revisão da legislação ambiental, que não impõem limites nem restrições à atuação das multinacionais do setor. O Correio esteve em contato com agricultores e pecuaristas no distrito de Cerro Alegre na semana passada. As florestas locais são mais adensadas do que no Brasil, com maciços bem mais extensos. Encontramos pilhas de toras de eucaliptos que se entendiam por até um quilômetro.

A região sofre com a falta de água. Mesmo proprietários rurais que arrendaram terras para as multinacionais pressionam o governo para resolver o problema, mas não falam abertamente sobre o assunto. Dezenas de agricultores já deixaram a localidade, ou porque venderam suas terras ou porque não conseguem mais uma boa produtividade. A despesa com a operação de bombas d’água encarece o custo de produção. A escola mantida pela intendência de Mercedes contava com 60 alunos há poucos anos. Hoje, não passam de 20. Encontramos várias casas abandonadas perto da estrada que margeia as florestas da Florestal Oriental e da Eu Flores, que abastecem as multinacionais.

Falta de água
O pequeno produtor Humberto Mesquita, de 77 anos, luta para manter as cem cabeças de gado que cria em 75 hectares. Neste ano, também plantou soja, mas a lavoura está praticamente perdida: “Não vale nada. Há muita falta de água. Todos dizem que é por causa dos eucaliptos. Não chove desde dezembro, mas até o ano passado eu conseguia água”, comenta o produtor, mostrando a floresta na linha do horizonte. Ele indica o nome de outro produtor, “meia légua adiante (cerca de três quilômetros)”, que teria mais informações sobre a escassez de água.

Chegamos em três casas abandonadas antes de descobrir a propriedade indicada. Mas o agricultor não quer falar. Arrendou parte da sua terra para as pepeleiras. Indica o nome de Vitor Riva, distante mais alguns quilômetros. Nos perdemos nas estreitas e empoeiradas estradas de terra batida. Mas logo aparece a sua chácara. Riva afirma que as florestas foram plantadas em 1987: “Em 1994 começou a escassez de água. Secaram as canhadas (vale entre duas coxilhas, ou colinas), os banhados, os riachuelos (riachos). Pedimos ao governo que não florestem mais. Secaram todos os poços. Só alcançamos água em poços com profundidade de 48 metros”.

Apesar das dificuldades, a colheita de abóboras foi boa. Mas Riva tem outras preocupações. “As florestas trouxeram muitas pragas, como a chara (cobra cruzeira) e o zorro (um canino selvagem), que come os cordeiros”, conta. Ele também teme pelo futuro: “A terra fica inutilizada com os eucaliptos”. Ele não tem esperanças de conseguir ajuda dos políticos: “Estão todos a favor. Quando chegam ao governo, se juntam todos”. Mas ele esclarece que o principal líder do movimento é Washington Lockhart, que mora ao lado de uma floresta.

Aridez
Formado como técnico agropecuário, Lockhart optou pela vida no campo. Vive na sua chácara há 33 anos. A poucos metros da sua casa se estende um maciço de eucaliptos. “Eu conheço isso aqui antes e depois da chegada das florestas. Em 1994, começaram a secar os poços. Secava um e eu fazia outro. Fiz quatro poços. O primeiro dava água a 10 metros. O último tem 46 metros de profundidade. Tinha três metros de água. Agora, só a metade”, relata. Ele nos acompanha até uma baixada, onde antes havia um banhado. O chão está esturricado, sem água nem grama. Mais adiante, mostra um riachuelo completamente seco: “Aqui, a gente pescava”. Aponta mais adiante e lembra: “Ali, nadavam os cavalos”.

Lockhart conta que neste ano 150 famílias da região foram abastecidas com caminhões pipa: “Abasteciam tonéis nas casas a cada 15 dias”. Afirma que a produção de alimentos era farta na região: “Havia muita produção, mas cerca de 70 famílias se foram. Uma das escolas fechou”. Ele mantém a produção de queijos finos, com tecnologia bem avançada. “A monocultura do eucalipto está prejudicando a produção de alimentos. É um modelo de desenvolvimento do governo. Aqui, todos os políticos estão a favor disso”, lamenta.
Travessia contra o Bloqueio Israelense em Gaza



Por Eugenio García Gascón.

Dois navios com ativistas pró-Palestina de 17 países diferentes chegam na faixa com ajuda humanitária

Quase meia centena de pacifistas de 17 nacionalidades diferentes, incluído um israelense, chegaram no sábado à faixa de Gaza a bordo de duas pequenas embarcações em protesto pelo feroz embargo que Israel impôs à faixa em junho de 2007, depois que Hamas assumisse o controle de Gaza. Com esta ação os ativistas denunciaram o contínuo sofrimento de um milhão e meio de palestinos aos que a comunidade internacional preferiu esquecer. Já não são só os Estados Unidos que apóiam cegamente a Israel em todos seus atos, mas também a União Européia.

Os dois navios, o Free Gaza, de 21 metros de eslora, e o Liberty, de 18 metros, partiram do Chipre na sexta-feira. Simultaneamente, o primeiro ministro israelense, Ehud Olmert, e os ministros de Exteriores e Defesa, Tzipi Livni e Ehud Barak, se reuniram para estudar a situação e decidiram não responder à “provocação” e permitir que as embarcações chegassem a seu destino. Mas foi só abandonar o porto chipriota de Larnaca, que os pacifistas viram como seu sistema eletrônico de comunicações ficava bloqueado, e responsabilizaram disso a Israel. Durante a singradura, de 350 quilômetros, os ativistas, entre os quais não havia marinheiros profissionais, tiveram que lutar contra um mar embravecido.

A maioria dos 46 pacifistas eram de nacionalidade estadunidense. Também viajaram uma ativista espanhola, um sacerdote católico de 81 anos, um deputado grego e uma cunhada do ex-primeiro ministro britânico Tony Blair, que na atualidade é o enviado europeu para o conflito de Oriente Médio embora suas gestões como tal são nulas. Também viajavam estudantes, advogados, médicos e jornalistas de entre 22 e 81 anos de idade.

Recebidos com júbilo

Una vintena de embarcações palestinas enfeitadas com bandeiras tentaram sair pro mar para receber os pacifistas, mas se viram obrigadas a voltar pro porto quando os buques israelenses realizaram disparos de advertência. Vários milhares de palestinos receberam com júbilo os dois navios no porto de Gaza. Os ativistas levavam consigo uma carga simbólica, incluídos 200 fones de ouvido para crianças surdas, que entregaram aos palestinos.

“Nosso objetivo é provar que a gente normal com os meios a seu alcance pode defender os direitos humanos dos palestinos sem limitar-se a fornecer-lhes de arroz”, manifestou Paul Larudee, um dos organizadores do protesto. “O que fizemos hoje mostra que as pessoas são capazes de fazer o que deveriam ter feito os governos. Se as pessoas se levantam contra a injustiça se pode tornar a consciência do mundo”, disse o doutor Jeff Halper, o único israelense a bordo, assim que chegou no porto de Gaza.

Altamiro Borges: tucanos sabotam piso dos professores


O eleitor brasileiro deve ficar atento às promessas dos candidatos apoiados pelo PSDB em São Paulo (o partido está rachado entre Kassab e Alckmin), Minas Gerais (uma estranha aliança com a cúpula do PT em apoio ao tecnocrata Lacerda) e Rio Grande do Sul (o inodoro Marchezan Jr.). Se algum deles se atrever a falar que defende a educação, corra ao Procon para denunciar a baita falsidade. Isto porque os governadores tucanos destes três estados, o fugidio José Serra, o maroto Aécio Neves e a “suja” Yeda Crusius, estão em guerra contra o piso nacional dos professores.

Por Altamiro Borges*



A lei 11.738, que fixa o piso do magistério público da educação básica em R$ 950,00 e reserva 33% da carga horária para as atividades extraclasse, foi aprovada pelo Congresso e sancionada pelo governo Lula em julho.

De imediato, os três tucanos bombardearam a lei, alegando que ela implodirá as finanças públicas. Ao mesmo tempo, Crusius, metida em corrupção, propõe que seu salário suba de R$ 7,1 mil para R$ 17,3 mil mensais; Serra mantém as negociatas bilionárias com a empresa Alstom; e o Aécio silencia a mídia independente para evitar críticas as suas peripécias.

Escola pobre para o pobre

O piso salarial dos professores é uma conquista do sindicalismo. Há muito era reivindicado pelas entidades da categoria. Ele visa estabelecer justiça e dignidade a uma profissão essencial para o desenvolvimento do país, já que vários governos estaduais e municipais pagam até menos do que o salário mínimo aos educadores.

Segundo o Ministério da Educação, o piso beneficiará cerca de 60% dos trabalhadores do setor, além de amenizar as brutais disparidades existentes no país em relação ao salário dos educadores, cujas variações chegam a até 400%. Mesmo sendo irrisório e criticado pelas entidades sindicais, o piso de R$ 950,00 fixa o patamar mínimo de remuneração.

A dura e imediata reação dos governadores tucanos comprova que este partido não tem qualquer compromisso com a educação pública de qualidade. Pelo credo neoliberal, o estado é mínimo e deve evitar “gastanças” nas áreas sociais.

“É uma opção política de manter a escola pobre para o pobre. Para eles, o filho da classe trabalhadora não pode ter escola de qualidade”, critica Roberto Franklin Leão, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE).

Ele lembra que os ataques ao piso partem de estados com elevada arrecadação tributária. “O PIB de São Paulo é maior que o de muitos países da América Latina e o governo se nega a pagar os 33% de hora-atividade. O Piauí hoje já paga 30%. Isto demonstra claramente a opção privatista”.

Omissão ou pressão sindical?

Contra o piso, os governos destes três estados acionaram o Conselho Nacional dos Secretários de Educação (Consed) para ingressar com Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) no Supremo Tribunal Federal. A luta promete ser dura e prolongada.

A CNTE e outras entidades da educação estão dispostas a resistir à ofensiva tucana. Na semana passada, os professores do Rio Grande do Sul paralisaram as suas atividades por um dia e promoveram uma marcha pelas ruas da capital. O protesto teve a adesão dos estudantes. Já em Minas Gerais, o Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação denunciou a “lógica tucana, privatista e excludente” do governador Aécio Neves.

A luta pelo piso dos educadores, porém, não pode se restringir aos trabalhadores do setor. Como alega Francisco das Chagas Fernandes, secretário executivo adjunto do Ministério da Educação, “o resgate dessa dívida histórica se dá não apenas porque o piso melhorar o salário de milhões de profissionais, mas pela conquista de um conceito novo, que articula remuneração com qualidade do ensino”.

Neste sentido, o conjunto do sindicalismo deve investir nesta luta. Não pode incorrer no mesmo erro de omissão cometido na luta pela ratificação da Convenção 158 da OIT, contra as demissões imotivadas, quando adotou uma postura tímida e já sofreu derrotas no parlamento.

* Altamiro Borges é jornalista.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Cannonball Adderley with Bill Evans - Know What I Mean? (1962)

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Cannonball Adderley with Bill Evans - Know What I Mean? (1962)
MP3 / 320Kbps / Cover / RS.com: 119mb / 5% File Recovery


Músicos:
Cannonball Adderley, alto saxophone
Bill Evans, piano
Percy Heath, bass
Connie Kay, drums

Faixas:
1. Waltz For Debby (5:15)
2. Goodbye (6:15)
3. Who Cares? [Take 5] (5:57)
4. Who Cares? [Take 4] (5:55)
5. Venice (2:55)
6. Toy (5:09)
7. Elsa (5:52)
8. Nancy (With The Laughing Face) (4:08)
9. Know What I Mean? [Re-Take 7] (4:54)
10. Know What I Mean? [Take 12] (7:01)

Downloads abaixo:


Part 1
Part 2

Ai dos que crêem no Império

Ainda que muito breve, a guerra entre Geórgia e Rússia revelou algo chocante para o pensamento convencional. Menos de vinte anos após vencerem a Guerra Fria, os EUA já perderam a condição de poder mundial solitário. Na verdade, deixaram até mesmo de ser superpotência...

Immanuel Wallerstein


O mundo assistiu a uma mini-guerra no Cáucaso este mês. A retórica, embora apaixonada, foi muito irrelevante. A geopolítica é uma série gigantesca de jogos de xadrez a dois, nos quais os jogadores buscam vantagens de posição. Nestes jogos, é crucial saber as regras que permitem os movimentos. Cavalos não podem mover-se em diagonal.

De 1945 a 1989, o principal jogo de xadrez era jogado entre os Estados Unidos e a União Soviética. Era conhecido como Guerra Fria, e as regras básicas eram chamadas “Yalta”. A mais importante delas dizia respeito à linha que dividia a Europa em duas zonas de influência. Foi chamada por Winston Churchill de “Cortina de Ferro” e ia de Stettin a Trieste. A regra era: não importava quanto conflito fosse provocado na Europa pelos peões, eles não deveriam provocar uma guerra real entre os Estados Unidos e a União Soviética. E ao fim de cada episódio de conflito, as peças deveriam retornar para os postos de onde haviam saído. Esta regra foi observada meticulosamente até o colapso do comunismo em 1989, episódio marcado notoriamente pela destruição do muro de Berlim.

É perfeitamente claro, como todo o mundo observou na época, que as regras de Yalta foram revogadas em 1989, e que o jogo entre os Estados Unidos e a Rússia (a partir de 1991) mudou radicalmente. O maior problema desde então é que os Estados Unidos não compreenderam bem as novas regras. Eles proclamaram a si próprios — e foram proclamados por outros — a superpotência solitária. Em termos de regras de xadrez isto foi interpretado como se os estivessem livres para mover-se pelo tabuleiro da forma que bem entendessem. E, em particular, para trazer os antigos peões soviéticos para sua esfera de influência. Sob o governo Clinton, e de forma mais espetacular sob o de George Bush, os Estados Unidos foram levando o jogo dessa forma.

Havia um único problema: os Estados Unidos não eram a superpotência solitária; e sequer, uma super-potência. O fim da Guerra Fria fez com que deixassem de ser uma das duas superpotências, para se tornarem um Estado forte, em uma redistribuição verdadeiramente multilateral de poder real, no sistema inter-estatal. Muitos países grandes são agora capazes de jogar os seus próprios jogos de xadrez sem ter de pedir licença às duas super-potências de outrora. E eles começaram a fazer isso.

Derrotada a União Soviética, Clinton age para conquistar seus peões e ampliar a OTAN. Mas o grande delírio veio com Bush, que renegou acordos, invadiu o Iraque e quis controlar a Ásia Central

Duas grandes decisões geopolíticas foram tomadas nos anos de Clinton. Primeiro, os Estados Unidos forçaram bastante, e foram relativamente bem-sucedidos, para incorporar os antigos satélites soviéticos do Leste Europeu à OTAN. Tais países estavam ansiosos por este ingresso, ainda que os Estados-chave da Europa Ocidental — Alemanha e França — relutassem de algum modo. Percebiam que a manobra norte-americana também os transformava em alvo, ao limitar a liberdade de ação geopolítica que recém haviam adquirido.

A segunda decisão estratégica norte-americana era tornar-se parte ativa nos realinhamentos de fronteiras na antiga República Federal da Iugoslávia. Isto levou-os a sancionar — e reforçar, com suas tropas — a secessão de facto do Kosovo em relação à Sérvia.

Mesmo sob Yeltsin, a Rússia sentia-se descontente com estas duas iniciativas geopolíticas norte-americanas. No entanto, a desordem politica e econômica naqueles anos era tão grande que o máximo que podiam fazer era reclamar — deve-se dizer que de um modo um tanto débil...

George W. Bush e Vladimir Putin assumiram o poder mais ou menos simultaneamente. Bush decidiu levar adiante as táticas da potência solitária (em que os Estados Unidos decidem por si mesmos como mover suas peças) com muito mais audácia do que Clinton havia feito. Em 2001, recuou do tratado anti-mísseis assinado com a União Soviética, em 1972. Depois, anunciou que os Estados Unidos não se prontificariam a ratificar os novos tratados assinados por Clinton em 1996; o Tratado de supressão dos testes nucleares [Compreensive Test Ban], e as mudanças acordadas para o tratado de desarmamento nuclear SALT II. Para completar, comunicou que Washington manteria seu projeto de militarização do espaço, conhecido como "escudo anti-mísseis".

E, é claro, Bush invadiu o Iraque em 2003. Como parte deste envolvimento, os Estados Unidos vislumbraram e obtiveram direitos às bases militares e de sobrevôo nas repúblicas da Ásia Central — que anteriormente faziam parte da União Soviética. Além disso, promoveram a construção de óleodutos e gasodutos que procuravam tornar desnecessários os sistemas russos. E finalmente entraram em acordo com a Polônia e a República Tcheca para estabelecer pontos de defesa de mísseis, sob alegação de defesa contra o Irã. A Rússia, porém, os viu como voltados contra si.

Duas causas imediatas explicam a guerra. Diante da independência do Kosovo, a Rússia reivindicou direitos iguais. E, sem exército, Saakshvilli acreditou no conto do poder unilateral de Washington

Putin estava disposto a resistir com mais força que Yeltsin. Como jogador prudente, porém, ele se preocupou primeiro em fortalecer sua base, restabelecendo a autoridade central e revigorando o aparato militar russo. Neste período, as marés da economia mundial mudaram, e a Rússia tornou-se de repente um rica e poderosa controladora de reservas e linhas de abastecimento de petróleo e gás natural, dos quais os países ocidentais dependem fortemente.

O presidente russo começou começou a agir. Negociou acordos com. Manteve relações próximas com o Irã. Começou a pressionar os Estados Unidos para fora das bases militares na Asia Central. E se posicionou firmemente contra a extensão da OTAN em duas zonas estratégicas: Ucrânia e Geórgia.

O colapso da União Soviética deflagrou movimentos separatistas em diversas de suas antigas repúblicas, inclusive a Geórgia. Quando, em 1990, a Geórgia buscou acabar com o status de autonomia das zonas étnicas não-georgianas, estas imediatamente proclamaram-se Estados independentes. Não foram reconhecidos, mas a Rússia garantiu sua autonomia.

As causas imediatas para a mini-guerra destes dias têm dupla origem dupla. Em fevereiro, Kosovo institucionalizou sua autonomia de facto. Este movimento foi apoiado por e reconhecido pelos Estados Unidos e por boa parte dos países europeus. A Rússia alertou, na época, que a lógica deste movimento aplicava-se igualmente às secessões de facto nas antigas repúblicas soviéticas. Na Geórgia, a Rússia agiu imediatamente, pela primeira vez, reconhecendo a independência de jure da Ossétia do Sul, em resposta direta aos fstos em Kosovo, Em abril, os Estados Unidos propuseram, durante reunião da OTAN, que a Geórgia e a Ucrânia fossem recebidas, em um plano de adesão chamado Membership Action Plan. Alemanha, França, e o Reino Unido opuseram-se a isso, alegando que seria uma provocação à Rússia.

Neoliberal e fortemente pró-Washington, o presidente da Geórgia, Mikhail Saakashvili, estava agora desesperado. Ele deu-se conta de que a reafirmação da autoridade georgiana na Ossétia do sul (e na Abkházia) poderia perder-se para sempre. Aproveitou-se de um momento em que a Rússia estava supostamente desatenta (Putin, agora primeiro-ministro nas Olimpíadas; o presidente Dmitri Medvedev de férias) para invadir a Ossétia do Sul. Seu exército fracassou completamente, como era de esperar. Mas Saakashvili imaginou que estivesse forçando a mão dos EUA (aliás, da Alemanha da França também).

Como nota irônica, a Geórgia, uma das últimas aliadas dos Estados Unidos na coalizão no Iraque, retirou todos os 2 mil soldados que ainda mantinha por lá

Ao invés disso, ele teve uma resposta imediata da força militar russa, que esmagou a pequena armada georgiana. De George W. Bush, obteve retórica. Mas afinal de contas, o que Bush poderia fazer? Os Estados Unidos não são uma super-potência. Suas forças armadas estão atoladas em duas guerras sem perspectivas no Oriente Médio. E, mais importante que tudo, eles precisam muito mais da Rússia do que o contrário. O ministro de Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, frisou, num artigo publicado pelo Financial Times, que a Rússia é um "parceiro do Ocidente no Oriente Médio, Irã e Coréia do Norte”.

A Rússia também controla, em essência, o abastecimento de gás da Europa Ocidental. Não por acaso, foi o presidente Sarkozy da França — e não Condolezza Rice — quem negociou a suspensão do conflito. No acordo firmado entre os dois países, a Geórgia faz duas concessões essenciais. Compromete-se em não mais utilizar a força contra a Ossétia do Sul, e aceita um documento que não faz nenhuma referência a sua integridade territorial.

A Rússia saiu, portanto, muito mais forte que antes. Saakashvili apostou tudo o que tinha e está agora geopoliticamente falido. Como nota irônica, a Geórgia, uma das últimas aliadas dos Estados Unidos na coalizão no Iraque, retirou todos os 2 mil soldados que ainda mantinha por lá. Estas tropas jogaram um papel importante nas áreas xiitas, e agora precisam ser substituídas por tropas norte-americanas, que terão que deixar outras áreas.

Quem joga o xadrez geopolítico precisa conhecer suas regras. Do contrário, corre o risco de ficar emparedado.

Evo organiza nova ofensiva para derrotar a direita boliviana


Convencidos de que é necessário fazer uma leitura correta dos resultados do referendo de 10 de agosto, o presidente Evo Morales e os movimentos sociais sabem que a direita ferida de morte precisa ser totalmente derrotada para que não se recupere.


Por Hugo Moldiz, para La Época



Duas semanas depois de ter conseguido a histórica vitória no referendo, com apoio de 68% de todo o país, Evo decidiu se apoiar mais na força do povo e em sua mobilização para enfrentar os planos desestabilizadores da ultra-direita. Assim, o governo vai em busca de ter uma nova Constituição, da reapropriação da autonomia e do estabelecimento de uma nova forma de distribuição dos recursos do Estado.


A determinação foi mais do que oportuna para responder a uma contra-ofensiva que a direita busca concretizar, depois de sua derrota na consulta popular, através de um plano de desestabilização que contém métodos violentos, econômicos e jurídicos que devem ser radicalizados a partir desta segunda-feira (25).


Sem partidos tradicionais, as classes dominantes, comandadas pelas burguesias agro-exportadoras, encontraram nos comitês cívicos e na mídia os instrumentos para resistir ao processo de mudanças e para golpear, nos planos político, físico e simbólico, o presidente Evo e seu projeto emancipador.


Os comitês cívicos de cinco estados da chamada "meia-lua" (Santa Cruz, Beni, Pando, Tarija e a cidade de Sucre) mudaram de tática: deixaram de lado as greves de fome, as paralisações de 24 horas e o bloqueio de estradas para executar um plano orientado a partir do domínio de instituições públicas, campos petroleiros e a suspensão do envio de carne e outros produtos para o ocidente boliviano.

A essas ações – até agora rechaçadas pela população – foram somados atos de violência realizados por grupos paramilitares, que nos últimos dias vitimaram dirigentes e militantes de movimentos sociais, além de policiais que cumpriam seu trabalho.


E é isso o que o governo deve parar. Os movimentos sociais exigiram no último sábado, na reunião que tiveram com o presidente Evo. Acordou-se que todas as forças políticas e sociais se unirão para aprofundar o processo de mudanças e derrotar a direita fascista que agoniza a cada dia.


Governo e movimentos sociais aprovaram a linha de avançar até a aprovação, a partir de um novo referendo, da nova Constituição Política do Estado e a recuperação da bandeira da autonomia que a direita utilizou muito bem em seus objetivos desestabilizadores.


A Constituição aprovada em dezembro passado pelo Assembléia Constituinte deixa para trás o Estado monocultural e reconhece o caráter plurinacional da formação social boliviana, amplia a democracia representativa com a incorporação de formas de democracia direta e comunitária, enfatiza o papel ativo do Estado na economia nacional, respeita a propriedade privada à medida que cumpra uma função econômico-social, proíbe a instalação de bases militares estrangeiras em território nacional e contém uma ampla quantidade de direitos sociais para crianças, jovens e anciãos como nunca antes ocorreu em 183 anos de história republicana.


O projeto de Constituição reconhece quatro tipos de autonomia: departamental (estadual), regional, indígena-camponês e municipal, características que deixam para trás a proposta elitista que quer apenas uma autonomia departamental.

O governo expressou seu desacordo com autonomia departamental a partir do critério de que esta reproduz o centralismo que tanto se critica, por burocratizar e impedir o acesso dos municípios e das comunidades indígenas aos recursos, além de lhes restringir a democracia.


Apoiados em sua vitória em 95 das 112 províncias do país, o governo e os movimentos sociais adotaram, além disso, a decisão de avançar até a eleição de conselheiros e subprefeitos em todo o país.

Nessa mesma linha, o governo e os movimentos sociais ratificaram no sábado que os recursos do Estado devem ser distribuídos com esses critérios, e que todos os níveis de governo devem aportar a sustentabilidade das medidas sociais postas em marcha em dois anos e meio de gestão, como a Renda Dignidade, que favorece a anciãos com o pagamento de 3.000 bolivianos ao ano.

Essa linha de trabalho, cujo mandato já se manifestou positivamente no referendo de 10 de agosto, se traduzirá em uma ofensiva em todos os cenários, desde os parlamentares até o social, e contará, sobretudo, com a unidade férrea que o presidente convocou para garantir a revolução boliviana.

Tradução: Fernando Damasceno,

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Sobre o Amor...


O amor e o casamento
:: Flávio Gikovate ::


Esse artigo é resumo de uma palestra proferida em 1990 e publicada no livro Vida a Dois. Meu objetivo aqui é tratar de um tema básico: as questões do amor e do casamento.

Desde 1975, no meu livro Dificuldades do Amor, venho apontando, junto a vários outros autores americanos, a clara relação que existe entre certos tipos de encantamento amoroso – em particular a paixão – e os vícios, ou as dependências psíquicas em geral. Na verdade, o amor e o vício são muito parecidos, porque ambos determinam o mesmo tipo de busca desesperada do objeto – e nesse sentido enquadra-se também o vício do cigarro, cujo tema é profundamente tratado no meu livro Cigarro: Um Adeus Possível. Além deste, há mais dois outros, também de minha autoria, que abordam a temática do vício: Vício dos Vícios e Deixar de Ser Gordo.

Falar sobre esse assunto não foge muito ao que desejo abordar aqui, mais persistente e obsessivo, que é o do amor. Versar sobre as questões do amor e do casamento, homem e mulher significa falar da necessidade absoluta de separar sexualidade de amor como dois impulsos essencialmente antagônicos.
É uma visão heterodoxa: o próprio Freud o considerava como uma expressão sublimada da sexualidade e, portanto, colocava os dois impulsos na mesma categoria, gerando um enorme volume de equívocos que a maioria dos profissionais de psicologia continua cometendo até hoje. Tal volume leva a um amontoado de complicações no plano teórico, determinando, provavelmente, subprodutos graves – como em um problema de matemática em que se erra em uma conta: a dificuldade vai aumentando e se agravando ao passar às etapas seguintes.

Para mim, o amor é um impulso que surge desde o momento do nascimento e busca devolver à criança a paz sentida durante o período uterino; ou seja, o amor como busca de harmonia através da aproximação física e, talvez mais tarde, espiritual com outro ser humano, ou como fenômeno obrigatoriamente interpessoal que busca a paz. Convém lembrar que o nosso primeiro objeto de amor é a mãe.

As manifestações da sexualidade surgem pela primeira vez no fim do primeiro ano de vida e fazem parte do processo de individuação, isto é, quando a criança começa a se reconhecer como criatura independente da mãe e inicia a pesquisa do próprio corpo. E é quando ela realmente descobre que ao tocar certas partes, provoca-lhe uma sensação muito especial: um tipo de excitação física percebida como agradável. É a excitação sexual – fenômeno de desequilíbrio, ao contrário do que acontece com o amor, que é um fenômeno homeostático, a sexualidade é um desequilíbrio homeostático. Amor é paz, aconchego e sexo é excitação, ação, movimento.

É talvez por essa razão que Freud tenha tão insistentemente falado na idéia de sexo como impulso vital por excelência. Na realidade, para mim e do ponto de vista mais teórico, o instinto do amor ou o amor como instinto substitui, na concepção psicanalítica, o conceito de instinto de morte. Freud reconhecia a existência da dupla tendência no ser humano: uma para a ação e outra para a inércia, ou para a paz e para a ausência de tensão; só que ele considera isso como uma busca da morte. E acho mais razoável imaginar que o ser humano, ao buscar algo, procure reencontrar o que já vivenciou ao invés de buscar encontrar o que desconhece.

Do ponto de vista técnico ou científico, não podemos considerar a morte um fenômeno conhecido. É possível que algumas pessoas pressintam acerca do que acontece na hora da morte; mas não nos baseemos nisso. Aliás, para o próprio Freud, como ateu, foi difícil imaginar coisas sobre a morte, até porque um ateu não pode ter nenhuma idéia do que ela realmente seja, a não ser a suposição de que pela falta de oxigenação das células cerebrais, o indivíduo pare apenas de sentir. Mas não sabemos se isso é obrigatoriamente paz ou não; é apenas uma conjetura e não podemos conjeturar, temos de ter coisas um pouco mais sólidas. Podemos fazer conjeturas em psicologia, mas elas têm de um dia se transformar em experimentos que possam ser confirmados ou infirmados.
Um dos grandes problemas contemporâneos e, principalmente, da psicanálise é esse: colecionar um enorme volume de hipóteses que não podem ser questionadas afirmativa e nem negativamente. Quer dizer, ficam como autos-de-fé: quem acredita, acredita, quem não acredita, acreditasse!

Então, essa separação entre sexo e amor parece-me absolutamente fundamental, sobretudo porque o amor, além de ser um fenômeno interpessoal, é uma busca permanente do ser humano em todas as outras fases da vida, completamente diferente, em essência, da busca sexual. É evidente que a partir da puberdade, quando ambos se misturam, isso pode virar uma série de confusões, já que as buscas amorosas e depois eróticas tentam encontrar um caminho comum; e isso nem sempre é tão automático ou fácil; volto a dizer: o amor é obrigatoriamente um fenômeno interpessoal, não existindo, portanto, por si mesmo; ele só existe por um objeto externo; e é paz, é homeostase.

O sexo – na sua origem pelo menos – é um fenômeno essencialmente pessoal, ou seja, a criança descobre a sexualidade tocando em si mesma. A idéia de que a sexualidade infantil é basicamente auto-erótica aparece de forma clara na obra de Freud. Na minha opinião, ela persiste como tal pela vida afora, apesar de surgirem elementos interpessoais a partir da puberdade; mas é basicamente um fenômeno pessoal, é excitação e não harmonia, é o oposto do amor. Isso, certamente, poderá ser o responsável por alguns dos ingredientes mais fundamentais das dificuldades posteriores de todo o ser humano.

Se vocês quiserem colocar isso em um outro tipo de linguagem e adotar, por exemplo, a maneira de pensar de um filósofo importante desse século – chamado Arthur Koestler –, poderíamos falar mais sobre a dupla tendência do ser humano: uma para a integração (em um livro de sua autoria intitulado Jano, que é um deus antigo de duas faces) –, ou seja, a tendência para se sentir parte de um todo maior, que corresponderia à manifestação do que estou chamando de instinto do amor – e uma outra para a individuação e a individualidade; o indivíduo quer ser parte de um todo e ser unidade em si mesmo. Esta tendência corresponderia, basicamente, à manifestação sexual, que na sua versão adulta se acresce de um ingrediente importantíssimo que eu venho chamando de vaidade (um fenômeno auto-erótico ligado ao prazer de se exibir).

Dessa forma, essa dupla tendência corresponde à dualidade básica de todos nós; e obviamente, as boas soluções para a vida são aquelas que encontram soluções de harmonia entre a dupla tendência assim oposta, o que, evidentemente, não é fácil! Isso explica porque nesses últimos dez mil anos de história os resultados obtidos para solucionar a questão do homem não são tão brilhantes. Se assim o fosse, certamente já teríamos soluções mais bem-sucedidas e harmoniosas há muito tempo. Nós estamos tentando resolver um quebra-cabeça muito complicado, que é encontrar uma solução que satisfaça todas as partes do psiquismo humano.




Flávio Gikovate é médico psicoterapeuta, pioneiro da terapia sexual no Brasil.

Conheça o Instituto de Psicoterapia de São Paulo.

Confira o programa "No Divã do Gikovate" que vai ao ar todos os domingos das 21h às 22h na Rádio CBN (Brasil), respondendo questões formuladas pelo telefone e por e-mail gikovate@cbn.com.br

Email: instituto@flaviogikovate.com.br

domingo, 24 de agosto de 2008

Dieta vegetariana pode ajudar a reduzir o consumo da água

É o que garante o ganhador do prêmio Estocolmo da Água de 2008, John Allan. O professor criou o conceito da 'água virtual´, que leva em consideração toda a água usada para fabricar um produto industrial ou um alimento. Vídeo: Reuters. Narração: Daniela Paixão.

Viva a Palestina!!!

Carteira de Identidade

Do eterno Mahmoud Darwish


Registre-me
Sou Árabe
O numero de minha identidade é cinqüenta mil
Tenho oito filhos
E o nono... Virá logo depois do verão
Vais te irritar por acaso?

Registre-me
Sou árabe
Trabalho com meus companheiros de luta
Em uma pedreira
Tenho oito filhos
Arranco das pedras
O pão, as roupas, os cadernos
E não venho mendigar em tua porta
E não me dobro
Diante das lajes de teu umbral
Vais te irritar por acaso?

Registre-me
Sou Árabe
Meu nome é muito comum
E sou paciente
Em um país que ferve de cólera
Minhas raízes
Fixadas antes do nascimento dos tempos
Antes da eclosão dos séculos
Antes dos ciprestes e oliveiras
Antes do crescimento vegetal
Meu pai... da família do arado
E não dos senhores do nujub
E meu avô era camponês
Sem árvore genealógica
Minha casa
Uma cabana de guarda
De cenas e ramagens
Satisfeito com minha condição
Meu nome é muito comum.

Registre-me
Sou árabe
Sou árabe
Cabelos... negros
Olhos... castanhos
Sinais particulares
Um kuffiah e uma faixa na cabeça
As palmas ásperas como rochas
Arranharam as mãos que estreitam
E amo acima de tudo.

www.socialismo.org.br

sábado, 23 de agosto de 2008

Elis Regina - Elis (1977)




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E há os que defendem o "sistema capitalista"...

Os vendedores de doenças

As estratégias da indústria farmacêutica para multiplicar lucros espalhando o medo e transformando qualquer problema banal de saúde numa “síndrome” que exige tratamento.

Ray Moynihan, Alan Cassels

Há cerca de trinta anos, o dirigente de uma das maiores empresas farmacêuticas do mundo fez declarações muito claras. Na época, perto da aposentadoria, o dinâmico diretor da Merck, Henry Gadsden, revelou à revista Fortune seu desespero por ver o mercado potencial de sua empresa confinado somente às doenças. Explicando preferiria ver a Merck transformada numa espécie de Wringley’s – fabricante e distribuidor de gomas de mascar –, Gadsden declarou que sonhava, havia muito tempo, produzir medicamentos destinados às... pessoas saudáveis. Porque, assim, a Merck teria a possibilidade de “vender para todo mundo”. Três décadas depois, o sonho entusiasta de Gadsden tornou-se realidade.

As estratégias de marketing das maiores empresas farmacêuticas almejam agora, e de maneira agressiva, as pessoas saudáveis. Os altos e baixos da vida diária tornaram-se problemas mentais. Queixas totalmente comuns são transformadas em síndromes de pânico. Pessoas normais são, cada vez mais pessoas, transformadas em doentes. Em meio a campanhas de promoção, a indústria farmacêutica, que movimenta cerca de 500 bilhões dólares por ano, explora os nossos mais profundos medos da morte, da decadência física e da doença – mudando assim literalmente o que significa ser humano. Recompensados com toda razão quando salvam vidas humanas e reduzem os sofrimentos, os gigantes farmacêuticos não se contentam mais em vender para aqueles que precisam. Pela pura e simples razão que, como bem sabe Wall Street, dá muito lucro dizer às pessoas saudáveis que estão doentes.

A fabricação das “síndromes”

A maioria de habitantes dos países desenvolvidos desfruta de vidas mais longas, mais saudáveis e mais dinâmicas que as de seus ancestrais. Mas o rolo compressor das campanhas publicitárias, e das campanhas de sensibilização diretamente conduzidas, transforma as pessoas saudáveis preocupadas com a saúde em doentes preocupados. Problemas menores são descritos como muitas síndomes graves, de tal modo que a timidez torna-se um “problema de ansiedade social”, e a tensão pré-menstrual, uma doença mental denominada “problema disfórico pré-menstrual”. O simples fato de ser um sujeito “predisposto” a desenvolver uma patologia torna-se uma doença em si.

O epicentro desse tipo de vendas situa-se nos Estados Unidos, abrigo de inúmeras multinacionais famacêuticas. Com menos de 5% da população mundial, esse país já representa cerca de 50% do mercado de medicamentos. As despesas com a saúde continuam a subir mais do que em qualquer outro lugar do mundo. Cresceram quase 100% em seis anos – e isso não só porque os preços dos medicamentos registram altas drásticas, mas também porque os médicos começaram a prescrever cada vez mais.

De seu escritório situado no centro de Manhattan, Vince Parry representa o que há de melhor no marketing mundial. Especialista em publicidade, ele se dedica agora à mais sofisticada forma de venda de medicamentos: dedica-se, junto com as empresas farmacêuticas, a criar novas doenças. Em um artigo impressionante intitulado “A arte de catalogar um estado de saúde”, Parry revelou recentemente os artifícios utilizados por essas empresas para “favorecer a criação” dos problemas médicos [1]. Às vezes, trata-se de um estado de saúde pouco conhecido que ganha uma atenção renovada; às vezes, redefine-se uma doença conhecida há muito tempo, dando-lhe um novo nome; e outras vezes cria-se, do nada, uma nova “disfunção”. Entre as preferidas de Parry encontram-se a disfunção erétil, o problema da falta de atenção entre os adultos e a síndrome disfórica pré-menstrual – uma síndrome tão controvertida, que os pesquisadores avaliam que nem existe.

Médicos orientados por marqueteiros

Com uma rara franqueza, Perry explica a maneira como as empresas farmacêuticas não só catalogam e definem seus produtos com sucesso, tais como o Prozac ou o Viagra, mas definem e catalogam também as condições que criam o mercado para esses medicamentos.

Sob a liderança de marqueteiros da indústria farmacêutica, médicos especialistas e gurus como Perry sentam-se em volta de uma mesa para “criar novas idéias sobre doenças e estados de saúde”. O objetivo, diz ele, é fazer com que os clientes das empresas disponham, no mundo inteiro, “de uma nova maneira de pensar nessas coisas”. O objetivo é, sempre, estabelecer uma ligação entre o estado de saúde e o medicamento, de maneira a otimizar as vendas.

Para muitos, a idéia segundo a qual as multinacionais do setor ajudam a criar novas doenças parecerá estranha, mas ela é moeda corrente no meio da indústria. Destinado a seus diretores, um relatório recente de Business Insight mostrou que a capacidade de “criar mercados de novas doenças” traduz-se em vendas que chegam a bilhões de dólares. Uma das estratégias de melhor resultado, segundo esse relatório, consiste em mudar a maneira como as pessoas vêem suas disfunções sem gravidade. Elas devem ser “convencidas” de que “problemas até hoje aceitos no máximo como uma indisposição” são “dignos de uma intervenção médica”. Comemorando o sucesso do desenvolvimento de mercados lucrativos ligados a novos problemas da saúde, o relatório revelou grande otimismo em relação ao futuro financeiro da indústria farmacêutica: “Os próximos anos evidenciarão, de maneira privilegiada, a criação de doenças patrocinadas pela empresa”.

Dado o grande leque de disfunções possíveis, certamente é difícil traçar uma linha claramente definida entre as pessoas saudáveis e as doentes. As fronteiras que separam o “normal” do “anormal” são freqüentemente muito elásticas; elas podem variar drasticamente de um país para outro e evoluir ao longo do tempo. Mas o que se vê nitidamente é que, quanto mais se amplia o campo da definição de uma patologia, mais essa última atinge doentes em potencial, e mais vasto é o mercado para os fabricantes de pílulas e de cápsulas.

Em certas circunstâncias, os especialistas que dão as receitas são retribuídos pela indústria farmacêutica, cujo enriquecimento está ligado à forma como as prescrições de tratamentos forem feitas. Segundo esses especialistas, 90% dos norte-americanos idosos sofrem de um problema denominado “hipertensão arterial”; praticamente quase metade das norte-americanas são afetadas por uma disfunção sexual batizada FSD (disfunção sexual feminina); e mais de 40 milhões de norte-americanos deveriam ser acompanhados devido à sua taxa de colesterol alta. Com a ajuda dos meios de comunicação em busca de grandes manchetes, a última disfunção é constantemente anunciada como presente em grande parte da população: grave, mas sobretudo tratável, graças aos medicamentos. As vias alternativas para compreender e tratar dos problemas de saúde, ou para reduzir o número estimado de doentes, são sempre relegadas ao último plano, para satisfazer uma promoção frenética de medicamentos.

Quanto mais alienados, mais consumistas

A remuneração dos especialistas pela indústria não significa necessariamente tráfico de influências. Mas, aos olhos de um grande número de observadores, médicos e indústria farmacêutica mantêm laços extremamente estreitos.

As definições das doenças são ampliadas, mas as causas dessas pretensas disfunções são, ao contrário, descritas da forma mais sumária possível. No universo desse tipo de marketing, um problema maior de saúde, tal como as doenças cardiovasculares, pode ser considerado pelo foco estreito da taxa de colesterol ou da tensão arterial de uma pessoa. A prevenção das fraturas da bacia em idosos confunde-se com a obsessão pela densidade óssea das mulheres de meia-idade com boa saúde. A tristeza pessoal resulta de um desequilíbrio químico da serotonina no célebro.

O fato de se concentrar em uma parte faz perder de vista as questões mais importantes, às vezes em prejuízo dos indivíduos e da comunidade. Por exemplo: se o objetivo é a melhora da saúde, alguns dos milhões investidos em caros medicamentos para baixar o colesterol em pessoas saudáveis, podem ser utilizados, de modo mais eficaz, em campanhas contra o tabagismo, ou para promover a atividade física e melhorar o equilíbrio alimentar.

A venda de doenças é feita de acordo com várias técnicas de marketing, mas a mais difundida é a do medo. Para vender às mulheres o hormônio de reposição no período da menopausa, brande-se o medo da crise cardíaca. Para vender aos pais a idéia segundo a qual a menor depressão requer um tratamento pesado, alardeia-se o suicídio de jovens. Para vender os medicamentos para baixar o colesterol, fala-se da morte prematura. E, no entanto, ironicamente, os próprios medicamentos que são objeto de publicidade exacerbada às vezes causam os problemas que deveriam evitar.

O tratamento de reposição hormonal (THS) aumenta o risco de crise cardíaca entre as mulheres; os antidepressivos aparentemente aumentam o risco de pensamento suicida entre os jovens. Pelo menos, um dos famosos medicamentos para baixar o colesterol foi retirado do mercado porque havia causado a morte de “pacientes”. Em um dos casos mais graves, o medicamento considerado bom para tratar problemas intestinais banais causou tamanha constipação que os pacientes morreram. No entanto, neste e em outros casos, as autoridades nacionais de regulação parecem mais interessadas em proteger os lucros das empresas farmacêuticas do que a saúde pública.

A “medicalização” interesseira da vida

A flexibilização da regulação da publicidade no final dos anos 1990, nos Estados Unidos, traduziu-se em um avanço sem precedentes do marketing farmacêutico dirigido a “toda e qualquer pessoa do mundo”. O público foi submetido, a partir de então, a uma média de dez ou mais mensagens publicitárias por dia. O lobby farmacêutico gostaria de impor o mesmo tipo de desregulamentação em outros lugares.

Há mais de trinta anos, um livre pensador de nome Ivan Illich deu o sinal de alerta, afirmando que a expansão do establishment médico estava prestes a “medicalizar” a própria vida, minando a capacidade das pessoas enfrentarem a realidade do sofrimento e da morte, e transformando um enorme número de cidadãos comuns em doentes. Ele criticava o sistema médico, “que pretende ter autoridade sobre as pessoas que ainda não estão doentes, sobre as pessoas de quem não se pode racionalmente esperar a cura, sobre as pessoas para quem os remédios receitados pelos médicos se revelam no mínimo tão eficazes quanto os oferecidos pelos tios e tias [2] ”.

Mais recentemente, Lynn Payer, uma redatora médica, descreveu um processo que denominou “a venda de doenças”: ou seja, o modo como os médicos e as empresas farmacêuticas ampliam sem necessidade as definições das doenças, de modo a receber mais pacientes e comercializar mais medicamentos [3]. Esses textos tornaram-se cada vez mais pertinentes, à medida que aumenta o rugido do marketing e que se consolidas as garras das multinacionais sobre o sistema de saúde.

(Tradução: Wanda Caldeira Brant) wbrant@globo.com

Bibliografia complementar:

* A revista médica PLoS Medecine traz, em seu número de abril de 2006, um importante dossiê sobre “A produção de doenças” – http://medicine.plosjournals.org/

* Na França, as revistas Pratiques (dirigida ao grande público) e Prescrire (destinada aos médicos) avaliam os medicamentos e trazem um olhar crítico sobre a definição das doenças.

*Jörg Blech, Les inventeurs de maladies. Manœuvres et manipulations de l’industrie pharmaceutique, Arles, Actes Sud, 2005.

* Philippe Pignarre, Comment la dépression est devenue une épidémie, Paris, Hachette-Littérature, col. Pluriel, 2003.