sábado, 6 de outubro de 2007

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COPIADO DE: COLETANEANET

THE BEATLES - A Hard Days Night (DVDRIP)

Título Original: A Hard Day's Night
País de Origem: Reino Unido
Ano: 1964
Duração: 85 min
Diretor: Richard Lester
Elenco: John Lennon, Paul McCartney, George Harrison, Ringo Starr, Wilfrid Brambell, Norman Rossington, John Junkin, Victor Spinetti

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Copiado de:Newbrasilmidia
Enviado pelo Fausto Encinas

O sangue da direita

Emir Sader

A direita é de direita e gosta de sangue. Quando não consegue impor suas idéias e seus interesses, apela para a força, sem limites, não importa quanto sangue corra. Quando discute, trata de impor as condições de sangue: até hoje a Alemanha, país que promoveu a maior “limpeza étnica” da história da humanidade, com o nazismo, mantém o direito de cidadania vinculado ao sangue, isto é, à ascendência alemã e não ao direito de território, que continua negando, mesmo aos netos de turcos, por exemplo, os mesmos direitos dos alemães de origem sanguínea.

Por mais que certa imprensa promova o charme de Sarkozy, o novo presidente da França, ele não esconde sua ideologia e seu programa de governo. Os imigrantes são vítimas privilegiadas, com lista de expulsão, valendo-se da cobertura de ex-dirigentes socialistas reconvertidos ao governo de direita e ministros e ministras de origem árabe, para fazer o trabalho sujo.

Entre eles, uma proposta, já aprovada pelo Senado, de exames de DNA para confirmar se um imigrante que solicita ingresso na França como filho ou filha, tenha realmente esse vínculo. Apelam para a prova de sangue, que lhes parece a prova irrefutável do vínculo familiar.

A reação não se fez esperar. Quem lançou a campanha de reação, na falta de dirigentes políticos que o façam - desconcertados ainda pela derrota eleitoral e as renúncias de dirigentes socialistas que foram ao governo e ao FMI, nomeados por Sarkozy -, foi o semanário de humor Charlie Hebdo. Com um manifesto que diz que a proposta do governo “introduz a genética na era de uma utilização, não mais apenas médica e judiciária, mas a partir de agora em função de um controle estatal”.

Ela coloca três tipos de problemas, segundo o manifesto. Em primeiro lugar, de ordem ética. “A utilização de testes de DNA para saber se uma criança pode vir ou não reunir-se a um parente na França coloca diretamente esta questão: desde quando a genética vai decidir quem tem o direito ou não de se instalar em um território? Além disso, desde quando uma família deveria se definir em termos genéticos? Seu pai ou sua mãe são as pessoas que dão amor, proteção e educação aos que eles reconhecem como seus filhos.”

Esse projeto de lei vai, também, destruir o importante consenso da lei sobre a bioética que impedia as utilizações da genética contrarios à concepção da França da civilização e da liberdade.

Finalmente, segundo o manifesto de Charlie Hebdo, se inscreve em um contexto de suspeita generalizada e recorrente em relação aos estrangeiros que chegam para ameaçar a vida da sociedade. As eventuais fraudes sobre regraupação familiar são reconhecidamente marginais em relação às cifras de crianças. “Em outras palavras, o projeto de lei instaurando o DNA não tem como função lutar contra uma fraude hipotética, mas sim participar dessa visão dos imigrantes que nós recusamos com toda energia.”

Trata-se, assim, diz o manifesto, de um projeto de lei que, nos planos ético, científico e da vida em comunidade, introduz mudanças profundamente negativas. E solicita uma adesão que leve o governo a retirar a proposta que introduz uma reposta biológica a uma questão política, a romper as condições estáveis de um debate democrático, sereno e construtivo sobre as questões ligadas à imigração.

As adesões foram generalizadas, desde artistas que não costumam se pronunciar sobre temas políticos, como Jeanne Moreau, Isabelle Adjani, dirigentes da oposição, como Ségolène Royal, Laurent Fabius, Pierre Mauroy, intelectuais como Jorge Semprun, Bernard-Henry-Lèvy, mas também políticos de direita, do mesmo partido de Sarkozy, como Dominique de Villepin ou de centro, como o ex-candidato à presidente, François Bayrou.

A direita pode tentar se esconder atrás de declarações pretensamente progressistas sobre direitos sociais, diversidade cultural, etc, mas em certos temas sua visão repressiva e violenta se revela plenamente. Daí sua oposiçao feroz às políticas de cotas na educação, no trabalho, daí suas posições preconceituosas sobre os imigrantes, daí seu apelo aos argumentos de sangue ou diretamente à repressão sangrenta.

A sombra do Che

No artigo, cinco razões para os arautos da direita brasileira (de que Veja é apenas o mais conspícuo ninho) detestarem a sombra de Ernesto Guevara, que continua mais viva do que nunca, sobretudo do que aqueles vivos que estão mortos e ainda não sabem.

Causou reações a reacionária matéria de capa de Veja sobre Ernesto Guevara, por ocasião destes 40 anos de sua morte, assassinado por membros do Exército boliviano a serviço dos Estados Unidos. Mas é coisa de não causar surpresa.

Tentaram, na revista, levantar o que os psicanalistas jungueanos chamariam de “a sombra” de Ernesto Guevara. Sob a égide de “destruir” um mito, pretenderam levantar tudo o que de negativo se poderia sobre a vida de um homem humano, certamente mais humano do que estes arautos do que de mais servil existe no jornalismo brasileiro.

Não conseguem. É verdade que Ernesto Guevara se transformou no mito Che. Num mito, quanto mais se bate, mais ele cresce. Porque ao contrário do que essas vulgaridades pensam, um mito não é sinônimo de uma mentira. Um mito é uma história que explica porque estamos aqui e somos assim ou assado. Um mito remonta a enigmas que não conseguimos explicar. Então temos que narrar.

Abaixo, dou cinco razões pelas quais os arautos da direita brasileira não podem suportar o mito Che. Muito mais do que a direita propriamente, porque duvido que os poderosos de fato na direita estejam hoje muito preocupados com o mito Che Guevara. Até porque nenhum – repito, nenhum – governo de hoje na América Latina está à altura do mito.

1) Che em línguas pampeanas quer dizer “homem”. Em guarani quer também dizer “meu”. El Che significa “o homem”, “o ser humano”, em linguagens que, como rios subterrâneos, nos lembram das catástrofes históricas que nos trouxeram até hoje. O nome, El Che, é uma cicatriz da história, assim como o de Zumbi, ou o de Anita Garibaldi. Com a diferença de que ele cobre o continente e hoje o mundo com sua imagem. A mera presença desse nome como dos preferidos no mundo inteiro prova que as tragédias dos povos são inesquecíveis, por mais que as queiram mergulhar no esquecimento.O nome do Che é um ícone do anjo de Walter Benjamin, aquele que segue para diante na história, mas de costas, vendo-a como uma construção de ruínas.

2) O Che foi um guerrilheiro romântico. Nada mais estranho ao mundo desses arautos do que qualquer sombra de romantismo rebelde. Eles (os arautos) tiveram que eleger o servilismo como estilo, têm que beijar a mão que os afaga ou os chicoteia conforme o gosto (o deles e o da mão). Palavras como rebeldia, entono, ousadia, energia, paixão, e outras do mesmo estilo, são verbetes em branco nos seus dicionários. O Che – que como todo o ser humano tinha qualidades, defeitos e problemas, e que como todo o mito, é mais uma lâmina de contradições do que de certezas absolutas – era alegre, era um ser voltado para a vida, não párea a morte. Como podem os mortos vivos passar incólumes diante desse ser em contínua operação na história, eles que venderam a alma mas esperam poder deixar de entrega-la?

3) O Che era latino-americano. Nada mais detestável para esses arautos (e aí também para os poderosos da direita) do que a lembrança de que eles são latino-americanos. O ideal da sombra deles (a sombra é aquilo que a gente também é mas não gosta de lembrar de que é) é que o Brasil fosse uma imensa pista de aeroporto rumo ao norte, aos idolatrados shoppings centers onde se fala inglês como “língua natural” (como se isso existisse), porque é assim que eles vêm o mundo e a cultura do hemisfério norte. O fato do ícone cuja imagem é uma das mais procuradas no mundo ser a de alguém que morreu pelos povos desse continente amaldiçoado pelos poderes de todo o mundo traz pesadelos inconfessáveis para esses arautos. Pesadelos tão pesados que de manhã eles fingem nem se lembrar deles. Fingem tão fingidamente que até acreditam ser o sonhozinho de consumo em que fingidamente vivem, esses sinhozinhos das próprias palavras, a quem tratam como escravas.

4) O Che lutou pela libertação da África. E com os demais companheiros e companheiras do Exército cubano. Sem a participação de Cuba, é possível até que o regime do apartheid sulafricano pelo menos demorasse muito mais para cair. A vitória do Exército angolano, com Cuba, contra as forças sulafricanas, na batalha de Cuita Canevale foi fundamental para a queda do regime sulafricano. É verdade que as iniciativas do Che nas lutas no Congo não tiveram êxito. Não importa: como o Che é que se tornou o mito, ele carrega nas costas essa pesada carga de ser um dos ícones da solidariedade latino-americana com os povos do continente cujas costas lanhadas de sangue ajudaram a construir a nossa riqueza.

5) O Che era bonito. Aí é demais. Dispensa palavras.

Tudo isso vem aliado à terrível sensação, para esses arautos, de que o mito do Che, a lembrança do personagem vivo, sobreviverá a todos eles. E que se esse mito-anjo vê a história como a construção de ruínas, eles, os arautos, são as mais expressivas da ruína humana a que se reduz o servilismo eleito como estilo.



Flávio Aguiar é editor-chefe da Carta Maior.

Mais uma pedra no sapato



Luiz Eça


Não bastasse Chávez, Kirchner e Evo Morales, surge mais um presidente latino-americano atormentando George Bush. E o que é pior, com qualidades inquietantes que o fazem difícil de ser desmoralizado. De fato, Rafael Correa, o novo presidente do Equador, é um político de formação cristã, com cursos superiores de economia na Universidade Católica de Leuven (Bélgica) e na Universidade de Illinois, ligações com os movimentos sociais católicos e experiência administrativa no anterior governo, como ministro da Economia.

Explicando por que se demitiu desse cargo, ele diz: “Tentei mudar radicalmente a política econômica, porque os últimos vinte anos de neoliberalismo foram um verdadeiro desastre. Para defender os seus privilégios, os bancos, os donos do petróleo, os Estados Unidos, o FMI, o Banco Mundial, o Banco Interamericano de Desenvolvimento fizeram pressão sobre o presidente. Perdi seu apoio”.

Em 2006, ele se candidatou a ser o 8º presidente do Equador da década. Os 4 últimos ocupantes do cargo haviam governado sob o fogo de gigantescas manifestações populares.

Em 2000, Jamil Mauad quis tirar o país de uma crise terrível (crescimento negativo de 7,3% e inflação de 52%) através de um plano de austeridade, elaborado por economistas argentinos neoliberais, que dolarizava a economia e congelava as poupanças. Uma greve geral, seguida de passeatas e fechamento de estradas, com vasta participação dos índios – os setores mais pobres –, o derrubou.

Seu sucessor, o vice, Gustavo Noboa, conseguiu um empréstimo de urgência de 300 milhões de dólares do FMI. Pagou um preço alto: medidas como a oficialização da dolarização que arruinou centenas de milhares de poupadores e aposentados, o fim dos subsídios aos produtos básicos que levou seus preços nas alturas, a “flexibilização” das leis trabalhistas e muitas privatizações.

Noboa completou seu período agitado por intensas manifestações de protesto. Eleito presidente em 2002, o coronel esquerdista Lúcio Gutierrez deparou-se com um déficit e uma dívida externa apavorantes. Preferiu a saída mais fácil: a tutela do FMI e do Banco Mundial. Com isso, o receituário neoliberal continuou sendo aplicado fielmente. Gutierrez chegou a se declarar “o melhor amigo de Bush na América Latina”.

Mais uma vez, multidões de índios, camponeses, operários e estudantes tomaram estradas, aldeias e invadiram as ruas de Quito. Gutierrez acabou destituído pelo Congresso em 2005.

Assumiu seu vice, Alfredo Palácio, que continuou alinhado aos organismos financeiros internacionais. A negociação de um tratado de livre comércio com os Estados Unidos, o TLC, detonou forte reação popular, particularmente dos índios (45% da população, para a UNESCO). Temiam que o TLC destruísse a agricultura do país. Organizados na “Confederação das Nacionalidades Indígenas”, eles pararam o Equador com seu grito de guerra “Não Queremos Ser Colônia Americana”. Palácio teve de governar sob estado de emergência, entregando o poder ao novo presidente eleito, Rafael Correa, em janeiro de 2007.

Correa encontrou um país que, apesar das boas rendas propiciadas pelo petróleo (é o 5º produtor da América Latina), exibia estatísticas péssimas: 38% de pobreza, sendo 61% na área rural que tinha 27% de indigentes; 10,7% de desemprego; subemprego de 47%; rendimento dos 10% mais ricos 60 vezes maior do que o dos 10% mais pobres; crescimento de 3,2%; dívida externa de 10 bilhões de dólares, cerca de 25% do PIB.

Para alterar este quadro sombrio, as idéias de Correa são muito claras: “O neoliberalismo está mais que superado na teoria e na prática. Os países que têm sucesso são os que desenvolvem sua produção interna e o emprego. Precisamos de uma maior intervenção do Estado na economia, no fomento e proteção da produção nacional, e priorizar o investimento social sobre o pagamento da dívida externa".

Fiel a estes princípios, Correa pretende renegociar os pagamentos da dívida externa, revendo todos os contratos feitos pelo governo a partir de 1976 para descartar os ilegais.

Os rendimentos do petróleo, principal riqueza nacional (representa 40% do orçamento), desde a entrada do FMI, eram reservados para o reembolso da dívida. Correa afirma que esta exclusividade acabou, pois sua prioridade é outra: pagar a dívida social ao povo equatoriano.

Ele quer também rever a participação do Estado na indústria petrolífera, pois, segundo diz, “não podemos permitir que, de cada cinco barris produzidos, as multinacionais fiquem com quatro e deixem apenas um para nós”.

A reforma agrária, com desapropriação das terras improdutivas, é outra prioridade. Assim como o desemprego. Em 17 de abril, Correa lançou um plano de assistência social que deverá criar 300 mil empregos nos próximos 3 anos. Na ocasião, ele criticou "os economistas que se preocupam pelo desmedido controle da inflação e deixam de lado as taxas de desemprego e subemprego”.

Remando em sentido contrário, Correa projeta estimular a industrialização, contando com as rendas aumentadas pela renegociação da participação estatal nos lucros das empresas de minérios e de petróleo e o apoio do seu aliado Chávez. Já estão previstas a ampliação e modernização de refinarias equatorianas com investimento venezuelano e a criação de empresas mistas de hidrocarburetos.

O presidente equatoriano confia muito na ação do futuro Banco do Sul, que seria criado por governos da América Latina. Ele lembra que os países da região têm 200 bilhões de dólares depositados em bancos estrangeiros, que poderiam constituir o capital do banco. Suficiente para apoiar países em crise e investir em projetos de desenvolvimento, “o que servirá para deixarmos de depender de burocracias internacionais nefastas, como o FMI e o Banco Mundial”.

Todas estas idéias bastariam para o governo Bush definir Correa como uma “ovelha negra”. Mas ele não ficou nisso.

Declarou-se contra o Tratado de Livre Comércio com os Estados Unidos, gestado durante o governo Palácio. Contra a renovação, em 2009, da cessão da base militar de Manta ao governo americano. E, solicitado a comentar o fato de o presidente Chávez chamar George Bush de diabo, respondeu: “Seria ofender o diabo. Bush tem feito grandes danos ao mundo”.

Mesmo assim, Correa assegura que deseja ter as melhores relações com seu vizinho do norte. Mas em outros termos, é claro.

Luiz Eça é jornalista.
Copiado de: CorreioDaCidadania

A “Nova História Crítica” e a crítica da velha elite



Max Luiz Gimenes


Em um artigo repugnante – que mais parecia um choramingo direitista – publicado no jornal “O Globo” (18/9/2007), Ali Kamel dedicou-se a atacar o livro “Nova História Crítica – 8ª série”, de Mario Schmidt. Retirou do contexto uma série de trechos, classificados por ele como “os piores”. Um deles apresentava um quadro comparativo entre o capitalismo e o ideal marxista. O quadro, muito bem elaborado pelo professor Mario e execrado pelo jornalista, mostra também o que aconteceu no chamado “socialismo real”, sem poupar críticas. Pequeno detalhe que o jornalista global “esqueceu” – ou omitiu para poder, assim, apresentar o livro como uma cartilha marxista para doutrinar criancinhas inocentes. A verdade às vezes dói e a apresentação integral do quadro, por si só, esvaziaria as acusações apaixonadas feitas por Kamel.

As Organizações Globo – corretamente criticadas no livro por seu histórico de manipulações políticas – não deixaram barato e pressionaram o Ministério da Educação (MEC), que veio a público anunciar que vetou a participação da obra no PNLD (Programa Nacional do Livro Didático), que oferece ao professor de escola pública uma lista de livros para que este adote o que considerar melhor, ficando o governo responsável pela compra e distribuição. Cerca de 50 mil professores de todo o país, das redes pública e privada, já escolheram a coleção “Nova História Crítica”, tornando-a um verdadeiro sucesso. A atitude do MEC, ao reprovar a obra em sua avaliação, atentou contra todos os princípios de liberdade: a de escolha, a de expressão e, sobretudo, a de se poder aprender e refletir sobre os acontecimentos históricos de maneira independente e crítica, indo muito além da “decoreba” de nomes e datas importantes – como querem os defensores desse obsoleto modelo tradicional.

Após o “O Globo” trazer a polêmica acerca do livro à tona, os outros grandes jornais, como “Folha de São Paulo” e “O Estado de São Paulo”, endossaram as críticas de Ali Kamel. Supostamente em nome da verdade e da liberdade, esses veículos repetiram os trechos apresentados por Kamel e, de maneira irresponsável, desqualificaram um valoroso trabalho. O modo superficial e manipulador com que a questão foi tratada é assustador. Os meios de comunicação já citados apontaram erros de português no livro, que podem até existir, um aqui e outro acolá; erros que vez por outra também freqüentam as páginas desses mesmos jornais. Entretanto, erros de português podem ser corrigidos em uma próxima edição. O que mais chama a atenção é a coragem de, sem uma leitura integral prévia, os jornais acusarem o livro de conter erros conceituais, o que é uma mentira daquelas que só se consegue contar quando se tem uma enorme cara-de-pau ou um sangue demasiado frio.

Ah, a liberdade. Fundamento tão citado como a principal qualidade da sociedade capitalista. Mas que liberdade é essa, senão a plena liberdade de se calar e obedecer às predeterminações da fraterna e intuitiva elite política e econômica? Pois é. A elite determina, o povo cumpre e a roda da história continua a girar. É assim que prega a hipócrita e pretensamente democrática cartilha liberal-burguesa. Atender ao predeterminado, ser conivente com a sociedade injusta que aí está é ser imparcial; desafiá-la, julgá-la ou mesmo colocá-la sob uma simples análise crítica é ir contra a democracia, é ser tendencioso. E foi exatamente assim que aconteceu no caso do livro do professor Mario. (Que previsíveis se tornaram os burgueses... Onde estará a criatividade capitalista, geralmente atribuída à premissa – um tanto desumana – da competição?).

A obra em questão é extremamente didática – ao contrário do que disse a “Folha de São Paulo” em editorial chamado “A lata de lixo da História” (20/9/2007). Contém charges, gráficos, ilustrações e outros recursos que facilitam a compreensão do período estudado e que dificilmente são vistos em outros livros. E, o que é mais importante, não há nele a pretensão de ser o dono da verdade. É com humildade que Mario Schmidt escreve, logo nas primeiras páginas, que o livro poderia ter sido escrito de outra maneira, tão válida quanto a dele. E deixa o alerta: “Por isso, nunca se esqueça de que duvidar e questionar são atividades muito saudáveis”. Se os jornalistas envolvidos nas matérias e editoriais sobre a obra “Nova História Crítica” tivessem se dado o trabalho de ler – ao menos – as dez primeiras páginas do livro, certamente teriam aprendido muito. E, quem sabe, escrito muito menos bobagens.

Max Luiz Gimenes é militante do PSOL. Teve o privilégio de estudar com os livros do professor Mario e conhece cada detalhe da obra. Sabe, melhor do que muitos jornalistas, a importância do respeito à sua obra. E-mail: max.gimenes@gmail.com