sábado, 1 de setembro de 2007

SUPERCORDAS REPRISE

















O que mais eu posso dizer sobre essa banda Supercordas, que já não foi dito na outra publicação.

Eles são poderosos, já que nos remetem a uma psicodelia esquecida na música popular brasileira.

Após o êxito da postagem com o disco mais recente do Supercordas, ‘Seres verdes ao redor’, que alcançou mais de mil downloads, publicado no Eu Ovo, Lágrima Psicodélica, Som Barato e na comunidade do Eu Ovo no orkut.

Daí eu achei por bem, publicar os outros discos da banda que já foram lançados, como o primeiro disco de 2003, 'A pior das alergias', o EP de 2005, 'Satélites no bar' e o single do último disco, que tem versões diferentes das músicas, o single 'Ruradélica'.

2003 A Pior das Alergias


1. A pior das alergias
2. Quando o sol se põe
3. Meu vidrinho de fluídos oníricos
4. Frutas verdes
5. Longe do chão
6. At the core
7. Câncer
8. Quase fim
9. Café pra não dormir

http://www.mediafire.com/?byx1jtzxp2x

2005 Satélites no Bar (EP)

1. Da órbita de um sugador
2. Satélites no bar
3. Supercordas
4. O céu que você vê
5. O perspicillum
6. A terra da tv

http://www.mediafire.com/?d24d2ztcdmy

2006 Ruradélica (Single)

1. Ruradélica
2. 3000 folhas
3. Ricochete

http://www.mediafire.com/?aj4ca7nvsij


Copiado de: EuOvo
É proibido sonhar

Frei Betto - Adital

No passado, o futuro era melhor. Ao menos para a minha geração, a dos que tinham 20 anos na década de 1960 (Cuba, Che, Vietnã, Bossa-Nova, Cinema Novo, Nouvelle Vague, Beatles, tropicalismo etc).

Com o que sonham os jovens de hoje? Minha geração sonhou com a mudança do Brasil (castrada pelo golpe militar de 1964) e do mundo (congelada pela queda do Muro de Berlim). A globocolonização neoliberal cuidou de privatizar, não apenas empresas públicas e estatais, mas também os sonhos. Os jovens já não sonham em escala nacional e planetária, exceto no que concerne à preservação da natureza. Sonham em escala individual e familiar: conforto, riqueza, beleza e poder.

Quem roubou os grandes sonhos? Por que o vocábulo ‘utopia’ desapareceu da linguagem corrente e é suspeito aos olhos dos intelectuais europeus?

Quem primeiro falou em utopia (do grego utopos, lugar nenhum) foi Hesíodo, poeta do século VIII a.C., em seu famoso texto "Os trabalhos e os dias". Evoca os homens que viviam como deuses, "sem preocupações em seus corações, protegidos da dor e da miséria." Ninguém envelhecia e, dotadas de "vigor incansável", as pessoas desfrutavam das "delícias dos banquetes". "Não conheciam o constrangimento e viviam em paz e abundância como os senhores de sua terra."

Hesíodo não nutria veleidades nostálgicas. Seu texto aproxima-se mais da literatura profética que da idílica. A era de ouro havia desaparecido porque os homens "não foram capazes de evitar a violência imprudente entre si e não queriam reverenciar os deuses." Agora, diz Hesíodo ao comparar a realidade ao sonho, não há "nenhum amor entre amigos ou irmãos, como no passado. Os contraventores saquearão as cidades uns dos outros e o poder fará a lei e o pudor desaparecerá."

A palavra ‘utopia’ foi cunhada por Thomas Morus em 1516, como título de seu mais conhecido livro. Essa idéia de que em tempos primordiais havia uma sociedade perfeita e que nos cabe, agora, resgatá-la, é mais acentuada nos filhos da tradição judaico-cristã. O mito bíblico do Paraíso isento de toda dor e pecado ecoa forte em nosso inconsciente. Aquilo que foi, será. Nem Marx logrou libertar-se do paradigma bíblico. Seu comunismo primitivo, imune à alienação e exploração, é a imagem de um passado refletido no futuro: a construção da sociedade comunista, onde haverá a adequação entre existência e essência do ser humano.

Em que ponto da Terra sobrevive a utopia que, no século XX, mobilizou milhões de militantes dispostos a dar a vida para que todos tivessem vida? O fundamentalismo islâmico não se compara ao ardor dos jovens revolucionários. Estes queriam mudar o mundo, não impor uma crença religiosa; buscavam implantar a justiça, não a predominância de uma fé; almejavam uma nova sociedade, não a hegemonia de uma religião; vislumbravam o êxito na derrubada do poder opressor, não na morte coroada pelo martírio.

O socialismo foi a grande utopia de minha geração. Sonhávamos com uma sociedade na qual ninguém estaria ameaçado pela fome, a guerra, a exploração, a discriminação e a marginalização. A Rússia foi a primeira a implantar, em 1917, o novo sistema esboçado na crítica de Marx e Engels ao capitalismo. Em 1949 o gigante chinês deu o mesmo passo.

Embora o socialismo tenha representado grandes avanços quanto aos direitos sociais, não tardaram a se repetirem as "desilusões de Hesíodo": crimes de Stalin, Revolução Cultural chinesa, imperialismo político, a ditadura do proletariado reduzida à ditadura dos dirigentes do partido único etc.

Hannah Arendt, militante da esquerda alemã, ao renegar suas idéias revolucionárias cometeu o equívoco de encarar o marxismo e o fascismo como diferentes versões do totalitarismo. Disseminou, pois, o pensamento antiutópico, hoje representado no Brasil pelo PSDB e pelo PT. Assim, cerrou o horizonte da esperança e reforçou o neoliberalismo.

Para os adeptos do antiutopismo, que já não crêem em sociedade pós-capitalista, há sim identificação entre este sistema e democracia. O capitalismo seria perverso em seus abusos, não em sua essência. Acreditam, portanto, em ser possível "humanizá-lo", sem atinarem para as conexões entre Wall Street e a Etiópia, o bem-estar dos países escandinavos e a presença significativa de seu capital e de suas empresas em países emergentes.

Sofre-se, hoje, de distopia, a utopia deteriorada, ceticismo, desencanto, que induzem muitos a se acomodarem tristes em seu canto. O que resta da esperança quando já não cremos em líderes, partidos, doutrinas e ideologias? O que resta quando, à nossa volta, se fecham todas as portas e janelas? Resta a amargura, o desalento, a repulsa ao poder. Esse o momento em que o sistema comemora a sua vitória sobre nós. Esvaziar-nos de utopia, neutralizar-nos, cooptar-nos, eis a tática daqueles que professam o dogma de que "fora do mercado não há salvação".

Quem não sonha com a utopia corre o sério risco de recorrer ao sonho químico das drogas, que sempre termina em pesadelo.

[Autor de "Sinfonia Universal - a cosmovisão de Teilhard de Chardin" (Ática), entre outros livros].


* Frei dominicano. Escritor.
Igreja Católica: uma grande seita
Leonardo Boff * Adital

Os acontecimentos ocorridos nos últimos meses dentro da Igreja Romano-Católica fazem suscitar a questão do risco de esta assumir claramente comportamentos de seita. Bento XVI está imprimindo um curso à Igreja Católica, provocando severas críticas não apenas de teólogos, mas de cardeais, de inteiros episcopados como o da França, de grupos de bispos da Alemanha e, espantosamente, de bispos da romaníssima Itália, além de outros líderes religiosos e de organismos ecumênicos mundiais. Desde seu tempo de Cardeal, tem tratado os grupos progressistas e os teólogos da libertação a bastonadas e com pele de pelica os conservadores e tradicionalistas, seguidores do Bispo Lefèbvre, excomungado em 1988 e que à revelia de Roma ordenou bispos e padres. O Vaticano acabou por acatar seus seminários onde formam o clero no rito tradicionalista. E agora acaba de atender a uma de suas demandas maiores: voltar à missa em latim do Concílio de Trento (1545-1563) com todas as limitações históricas, hoje inaceitáveis. Ai se reza "pelos pérfidos judeus" para que aceitem Jesus como Messias.

O mais grave ocorreu logo em seguida, com a publicação de cinco questões sobre a igreja, oriunda da Congregação da Doutrina da Fé e aprovada pelo Papa, na qual se repete o que o então Cardeal J. Ratzinger, em 2000, enfatizava no documento Dominus Jesus, verdadeiro exterminador do futuro do ecumenismo: a única Igreja de Cristo subsiste somente na Católica, fora da qual não há salvação. As demais "igrejas" não o são, pois possuem apenas "elementos eclesiais" e a Igreja Ortodoxa, tida como uma expressão da catolicidade, foi rebaixada a simples igreja particular. Estas posições reacendem a guerra religiosa quando todos estão buscando a paz, cuja realização é enfraquecida pela Igreja.

A Igreja está se isolando mais e mais de tudo. Sua base social são principalmente os movimentos, medíocres no pensamento e subservientes às autoridades; preferem a aeróbica de Deus a confrontar-se com os problemas da pobreza e da injustiça. Uma Igreja se comporta como seita, segundo clássicos como Troeltsch e Weber, quando tem a pretensão absolutista de deter sozinha a verdade, quando se nega ao diálogo, rejeita o trabalho ecumênico e manifesta crescente autofinalização. Nesse sentido, cabe lembrar que o Vaticano não assinou, em 1948, a Carta dos Direitos Humanos; se recusou entrar no Conselho Mundial de Igrejas porque ela se julga acima e não junto das demais Igrejas; negou-se a apoiar a convocação de um Concílio universal de todos os cristãos na perspectiva da paz mundial, sob o pretexto de que cabe exclusivamente a Roma fazê-lo; proibiu a compra dos cartões da UNICEF destinados à infância carente, alegando que esta entidade favorecia o uso de preservativos. Ao lado disso, cresce o patrimônio imobiliário da Igreja que, segundo pesquisas (Adista 2/6/07), chega a 1/5 de todo o patrimônio italiano e romano. A especulação imobiliária e financeira rendeu ao Vaticano, entre 2004-2005, 1,47 bilhões de Euros.

A estratégia doutrinal do atual Papa é a do confronto direto com a modernidade, num pessimismo cultural inadmissível em alguém que deveria saber que o Espírito não é monopólio da Igreja e que a salvação é oferecida a todos.

Não causaria espanto se alguns mais radicais, animados por gestos do atual Papa, tentassem um cisma na Igreja. No século IV quase todos os bispos aderiram à heresia do arianismo (Cristo apenas semelhante a Deus). Foram os leigos que salvaram a Igreja, proclamando Jesus como Filho de Deus. É urgente atualizar esta história, dada a estreiteza de mente e o vazio teológico reinante nos altos escalões da Igreja.


lboff@leonardoboff.com


* Teólogo. Membro da Comissão da Carta da Terra

No Chile, trabalhadores exigem mudança da política econômica


Protesto critica presidente Michelle Bachelet e pede demissão do ministro da Fazenda; polícia reprime manifestação com violência, mais de 700 detidos


Protesto critica presidente Michelle Bachelet e pede demissão do ministro da Fazenda; polícia reprime manifestação com violência, mais de 700 detidos



Servidores públicos, professores, médicos, trabalhadores e estudantes protagonizaram nesta quarta-feira (29) um protesto massivo no Chile que paralisou a capital Santiago. O objetivo foi se opor à política econômica neoliberal da presidente Michelle Bachelet. O governo reprimiu com violência a manifestação e mais de 700 pessoas foram detidas.

Em alguns setores da cidade, a mobilização durou até a madrugada. Os manifestantes acusaram Bachelet de manter as políticas da ditadura de Augusto Pinochet e reivindicaram maior justiça social e condições de trabalho.

As marchas foram lideradas por dirigentes sindicais da Central Unitária de Trabalhadores (CUT) com o lema “conquistar um Estado social, democrático e solidário”. A maior organização sindical do país acusa a presidente chilena de não cumprir suas promessas de campanha. Uma das reivindicações era a renúncia do ministro da Fazenda, Andrés Velasco.

A mobilização teve ampla acolhida. Em Santiago, reuniu cerca de 4 mil pessoas, de acordo com a polícia de Bachelet. Houve atos nas principais cidades como Rancagua, Valparaíso e Concepción, e na província de Arauco, com bloqueios de rodovias, segundo o dirigente da CUT Arturo Martínez. “Os trabalhadores deram uma mostra de dignidade. O povo do Chile está orgulhoso de ter trabalhadores conscientes, que saíram à rua para reclamar seus direitos”, disse ao La Jornada.

O sindicalista avaliou que a mobilização iniciou um processo de mudança no país. A mobilização teve como símbolo uma vaca que “está cansada de ser ordenhada em benefício de uns poucos”, segundo o dirigente. A central recorreu a essa analogia para descrever a situação dos trabalhadores chilenos, desprestigiados no atual modelo econômico do país. Este ano, a economia vai se expandir 6%. Mas o desemprego segue elevado, na faixa dos 7%.

“Há um descontentamento no movimento dos trabalhadores. Não se reajustam nossos salários e as pessoas estão esgotadas. Estamos aqui por isso, não nos faltam motivos para protestar”, afirmou à BBC Mundo Loreto Pérez, presidente de um sindicato de trabalhadores de farmácias. Juan Luis Castro, representante dos médicos, declarou à mesma rede de notícias: “Não há acesso igualitário à saúde. Há que se esperar dias ou meses para um atendimento e temos um elevado déficit de especialistas. Esses são problemas reais que não estão sendo abordados”.

“Não mudaram a matriz da ditadura que entende a educação como um privilégio para quem pode pagar. Nós cremos na unidade do povo”, afirmou Jorge Pávez, representante do sindicato dos professores.


Repressão

Os enfrentamentos com a polícia ocorreram durante todo o dia, com uso de violência por parte dos soldados. Para evitar que o protesto avançasse até a sede do governo, o Palácio de La Moneda, os policiais usaram a cavalaria e gases lacrimogênio. Os manifestantes responderam com pedras e bombas caseiras. O senador socialista Alejandro Navarro foi golpeado na cabeça por um cacetete. O prêmio Nobel de Literatura Raúl Zurita foi um dos feridos.

De acordo com o defensor de direitos humanos Hugo Gutiérrez, a polícia colocou em prática um novo sistema de contenção de multidões ao deter logo cedo os dirigentes das colunas de manifestantes em formação e, assim, desarticulá-las. Em meio ao protesto, a presidente Bachelet discursou pedindo diálogo. “Quero que entendam bem: é necessário disposição para acordos, e não de violência, porque a democracia não necessita nem de desordem”, afirmou.

Em paralelo aos protestos, a Câmara dos Deputados aprovou em primeiro turno uma reforma para a fracassada seguridade social. Além disso, sancionou pela primeira vez o “conselho da igualdade”, constituído por Bachelet com o objetivo de elaborar propostas nos temas de trabalho, competitividade e salário “ético”, superior ao mínimo atual equivalente a 274 dólares

Os protestantes do século XXI

Lançamento do livro A mídia nas eleições de 2006, organizado pelo prof. Venício A. de Lima, da UnB e do Observatório Brasileiro de Mídia, se transforma em debate sobre porque a campanha da mída conservadora contra a reeleição de Lula não deu certo.

Na noite de 30 de agosto, no Sindicato dos Jornalistas no Estado de S. Paulo, foi lançado o livro (Editora Fundação Perseu Abramo) A mídia nas eleições de 2006, organizado pelo professor Venício A. de Lima, da Universidade de Brasília e consultor do Observatório Brasileiro de Mídia. O livro tem apresentação do professor e mais 11 artigos de especialistas no setor, sobre o papel da mídia nas eleições presidenciais do ano passado. Acompanham o livro alguns anexos: as reportagens publicadas na época pela revista Carta Capital; as explicações do diretor executivo de jornalismo da Central Globo de Jornalismo, Ali Kamel; a carta do repórter Rodrigo Vianna, desligado da Globo naquela época, despedindo-se de seus colegas de trabalho (publicada em primeira mão, depois de circular em mensagens na internete, pela Carta Maior em reportagem de Bia Barbosa); e um mapa das votações no primeiro e no segundo turnos.

Além do prof. Venício, estiveram presentes ao lançamento os autores de artigos Renato Rovai, editor da revista Fórum, autor do capítulo “As muitas derrotas da mídia comercial tradicional”; Marcelo Coutinho, diretor executivo do Ibope Inteligência, co-autor de “Os usos das novas mídias na campanha presidencial de 2006; e Kjeld Jakobsen, presidente do Observatório Brasileiro de Mídia, autor de “A cobertura da míodia impressa aos candidatos nas eleições presidenciais de 2006”.

Além de debaterem o livro e seus artigos, os quatro presentes debateram, entre outras, a pergunta feita por Carta Maior sobre “porque em 2006 a campanha da mídia contra a reeleição de Lula não deu certo”. Carta Maior lembrou das vezes em que campanhas conservadoras na mídia “deram certo”: na eleição de 1989, no golpe de 1964, no de 1954 (revertido pelo suicídio do presidente Getúlio Vargas), até mesmo (como lembrou Rovai) na campanha pelas privatizações, durante o governo de FHC, quando criou-se um clima de que tudo o que era público e estatal eram necessariamente ruim.

Houve colocações muito variadas. Todos concordaram que este é um assunto ainda a ser estudado, e que é impossível dar uma explicação cabal e definitiva. Mas aventaram algumas hipóteses. O prof. Venício lembrou o papel das “lideranças intermediárias”, isto é, os líderes de associações de bairros, ongues, sindicatos, etc., que são, agora, “formadores de opinião” tão importantes quanto aqueles que tradicionalmente se julgam donos da “formação de opinião”, os editorialistas, colunistas de jornais, e comentaristas de tevê. Essas “lideranças intermediárias” têm acesso à internete e a uma série de informações alternativas, antes não ou pouco disponíveis, o que pode ter ajudado a contrabalançar o poder da mídia tradicional.

Kjeld Jakobsen lembrou que de fato a vida das pessoas mais pobres, e de um modo geral, melhorou sob o governo Lula, e que isso levou muitas pessoas a pensarem duas vezes antes de simplesmente aderirem à campanha da mídia contra o governo. Lembrou também que a mídia, de um modo geral, tornou-se mais uniformemente conservadora, descolando-se de muitos de seus leitores tradicionais. Lembrouy por exemplo do tempo em que muita gente de esquerda considerava A Folha de S. Paulo um jornal “oficiosamente” à esquerda no espectro do jornalismo brasileiro, e que isso hoje não acontece mais.

Renato Rovai trouxe à baila a idéia de que, além do contrabalanço de informação disponível, havia o fato de que em 2006, ao contrário de 1989, Lula era governo, e isso lhe dá um poder enorme de também gerar informação, além dos poderes inerentes ao Estado brasileiro. Em sua fala lamentou que o governo não tenha avançado mais no sentido de democratização da mídia, curvando-se à pauta do conservadorismo brasileiro neste campo. O jornalista Carlos Tibúrcio, também presente, respondeu, dizendo que era necessário analisar a “correlação de forças” para entender a posição do governo nestas questões.

Mas a nota mais original do debate ficou por conta de Marcelo Coutinho. Depois de dizer que era necessário reconhecer que, apesar de todas as deficiências, o nível de escolaridade no eleitorado brasileiro tinha aumentado muito de 20 anos para cá, lembrou a situação européia ao fim da Idade Média.

Disse que naquela época o quase monopólio de interpretação religiosa detido pela Igreja Católica Romana na Europa foi quebrado pelo protestantismo. E que para a quebra do monopólio foi fundamental a invenção da imprensa no século XV. Hoje, lembrou ele, estaríamos na mesma situação: a pretensão de monopólio de expressão da “opinião pública” por parte da mídia tradicional foi quebrada pela internete, embora o alcance desta esteja longe de ser universal. Mas tão importante quanto reconhecer essa quebra é reconhecer que os atores convencionais, mídia e partidos políticos, ainda não conseguiram responder de modo conveniente e consistente a esse novo quadro cultural, aferrando-se a seus princípios dogmáticos, tanto no plano das idéias quanto no das formulações.

“Internete é diálogo”, lembrou ele. De fato, algo que anda meio longe da nossa mídia convencional, que está menos para polifonia, mesmo que barroca, e muito mais para o uníssono (e ponhamos sono aí) do cantochão gregoriano (É só uma metáfora provocativa, pessoal. Eu adoro cantochão. Na Igreja ou no concerto, é claro, não na mídia).

Eucaliptos ressecam mananciais no Uruguai


Porto Alegre (RS) - Pequenos agricultores da região de Soriano, no Uruguai, denunciam que os plantios de eucalipto em larga escala têm secado córregos, poços e riachos locais. De acordo com o Movimento dos Agricultores da Região de Mercedes, cerca de 150 famílias, entre produtores e moradores, são afetadas diretamente pela falta de água.

O agricultor Washigton Lockhart, integrante da organização camponesa, relata que a seca de poços iniciou na década de 90, mas tem se agravado nos últimos cinco anos na região. Ele relata que, hoje, cinco municípios estão em situação de emergência no departamento de Soriano.

Segundo Lockhart, “o primeiro impacto depois do início das plantações foi a falta de água, que afetou muita gente, e depois a migração de empresas estrangeiras para a região. A conseqüência disso tudo, diz o agricultor, foi a concentração da terra e o êxodo de pequenos produtores e populações locais para as grandes cidades.

Lockhart conta que as famílias atingidas pela seca recebem, diariamente, água das prefeituras municipais, por meio de caminhões-pipa. Ao todo, os governos carregam 25 mil litros de água para a população. No entanto, o agricultor alerta que muitas vezes a água é deixada em recipientes utilizados pelas famílias na agricultura, podendo conter vestígios de agrotóxicos.

Os agricultores realizam protestos na região desde 2004, mas até o momento as autoridades locais não tomaram nenhuma atitude. Soriano fica ao lado do departamento de Rio Negro, onde a papeleira Botnia está construindo mais uma fábrica de celulose, motivo de crises diplomáticas com o país vizinho, Argentina. Os dois departamentos são banhados pelo rio Uruguai.

Atualmente no Uruguai existem mais de 600 mil hectares de plantio de pínus e eucalipto.
Copiado de:AgenciaChasque